
A prefeita de Canaã dos Carajás, Josemira Gadelha, levou à COP30, em Belém, um exemplo concreto de como a Amazônia pode prosperar unindo riqueza mineral, preservação ambiental e qualidade de vida. Durante o painel “Cidades Sustentáveis: Inovação e Governança para o Desenvolvimento Local”, realizado na Green Zone, a gestora apresentou o modelo de cidade sustentável que vem sendo implantado no município, com base em planejamento urbano, participação popular e metas ambientais de longo prazo.
“Crescemos com o minério, mas o nosso legado é para as pessoas”, afirmou a prefeita, em uma fala que destacou o equilíbrio entre desenvolvimento econômico e responsabilidade social.
O evento reuniu autoridades, pesquisadores e lideranças da sociedade civil, e contou ainda com a presença do prefeito de Parauapebas, Aurélio Ramos, e do diretor de licenciamento ambiental da Sema, professor Marcelo Moreno.

Durante sua apresentação, Josemira fez um resgate da história de Canaã — cidade que nasceu da agricultura, ganhou força com a mineração e agora se reinventa como referência em sustentabilidade.
O projeto “Canaã dos Nossos Sonhos 2050” norteia essa transformação, com foco em três pilares: sustentabilidade, prosperidade e felicidade. A prefeita destacou que os recursos vindos da CFEM (Compensação Financeira pela Exploração Mineral) têm sido usados de forma estratégica, impulsionando infraestrutura sustentável, políticas sociais, preservação ambiental e diversificação econômica.
“Não existe cidade inteligente se ela destrói o território em que está inserida”, pontuou.
A prefeita apresentou dados e iniciativas que colocam Canaã dos Carajás em destaque no cumprimento do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 11, que trata de cidades e comunidades sustentáveis. Entre as ações estão:
Expansão de áreas verdes e criação de bosques e parques lineares, integrando cidade e floresta;
Programa de arborização urbana e rural, com a meta de plantar 1,5 milhão de mudas até 2028;
Iluminação pública 100% em LED, inclusive nas zonas rurais;
Mais de 50 km de ciclovias e sistema de transporte coletivo voltado à mobilidade limpa;
Planejamento urbano inclusivo, com moradia digna e acesso a serviços básicos, priorizando grupos em vulnerabilidade social e povos indígenas da região.
Josemira reforçou que o planejamento de Canaã é participativo e baseado em dados, conectando decisões atuais com metas de longo prazo, para tornar a cidade mais resiliente às mudanças climáticas.
A prefeita também apresentou resultados que demonstram o impacto das políticas públicas. Entre 2024 e 2025, Canaã dos Carajás subiu posições no Índice de Progresso Social (IPS Brasil), consolidando-se entre os municípios com melhor desempenho no Pará.
Esse avanço reflete melhorias nas áreas de educação, saúde, meio ambiente e inclusão social, mostrando que o desenvolvimento sustentável pode ser medido em qualidade de vida.
“Cada investimento em infraestrutura verde, mobilidade, inclusão produtiva e educação é também uma política climática — porque protege gente, território e futuro ao mesmo tempo”, disse.
Encerrando sua participação, Josemira defendeu que os municípios da Amazônia Legal sejam protagonistas na construção de soluções climáticas globais, destacando o papel do Consórcio da Amazônia Legal (CAL) como articulador de projetos com potencial para acessar recursos internacionais de financiamento verde.
A prefeita fez um apelo pela união de esforços públicos, privados e multilaterais:
“Mutirão é uma palavra tupi-guarani que significa fazer juntos. E é assim que Canaã constrói o futuro: em cooperação com a região, com o Brasil e com o mundo. Nosso compromisso é garantir que o desenvolvimento na Amazônia seja sinônimo de dignidade para quem vive aqui.”