Animais e natureza são parte essencial do equilíbrio do planeta. Cada espécie tem seu papel no meio ambiente, desde os polinizadores até os predadores, passando por todos os elos da cadeia alimentar. E entender essa dinâmica, desde cedo, é um passo fundamental para formar cidadãos mais conscientes, cuidadosos com os outros seres vivos e com o planeta em que vivemos.

Foi com essa perspectiva que nasceu o projeto“Banquete dos Animais: quem come o quê?”, desenvolvido com crianças do Jardim 1, de apenas 4 anos, naUnidade de Educação Infantil Providência,localizada no bairro do Maracangalha, em Belém. A iniciativa surgiu ainda no início do ano letivo, em fevereiro, a partir de um momento simples de contação de história e cresceu conforme as descobertas e o interesse das próprias crianças.

A professora Ana Carolina Dias, de Educação e Cultura, relembra o dia em que tudo começou: “As crianças estavam com o livro ‘O Rato e o Alfabeto’ e vieram me mostrar. ‘Professora, o rato come queijo!’ E eu perguntei: ‘E o macaco, come o quê?’. ‘Banana, professora!’ E assim fomos falando sobre o coelho, a cenoura… Foi aí que percebi que elas tinham uma visão muito limitada sobre a alimentação dos animais, muito baseada no que veem na TV ou em livros. Então pensei: por que não investigar isso junto com eles?”

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Curiosidade move a educação

A partir da curiosidade genuína das crianças, nasceu uma jornada de descobertas: que nem todo rato come queijo, que o alimento dos animais depende do seu habitat, que os selvagens se alimentam da natureza enquanto os domésticos contam com os humanos. A cada semana, um novo animal, uma nova pergunta, e muito aprendizado.

“Quando estudamos as abelhas, uma criança me perguntou: ‘Professora, a borboleta tem boca?’. E eu disse: ‘Não sei, vamos descobrir juntos’. E a cada indagação, a gente se debruça, pesquisa, investiga. Elas levam o assunto para casa, voltam com novas dúvidas… É uma construção linda”, conta a professora.

Após o recesso escolar, o projeto ganhou um novo capítulo: a relação entre lixo e animais marinhos. Com um olhar voltado à preservação das praias e à poluição causada pelo descarte incorreto de resíduos, as crianças passaram a refletir sobre os impactos dos nossos hábitos no meio ambiente.

“Trabalhamos a ideia de que os animais comem o que encontram na natureza. Mas e quando o que encontram é lixo? Aí vêm as consequências. Conversamos sobre isso, mostramos imagens, e eles entenderam o perigo que é jogar resíduos nas praias”, ressalta a professora.

A estudante Beatrisse Carolina, de 4 anos, não só entendeu como fez questão de compartilhar o que aprendeu: “Aprendi sobre os animais. Não pode jogar lixo no mar, porque os animais vão morrer. Tem que ir para a praia e recolher o lixo”, afirma.

Essa transformação no olhar das crianças é fruto do trabalho dedicado da equipe pedagógica da UEI Providência, uma instituição que tem uma longa história de acolhimento e compromisso com a educação.

“O interesse da criança é o ponto de partida. E quando a gente escuta, pesquisa junto, transforma aquilo em ação, o aprendizado vai muito além da sala de aula. Vira cidadania”, afirma Ana Carolina.