A culinária de Belém do Pará segue no topo.Além de figurar entre os dez melhores no ranking da revista internacional Lonely Planet, referência global em guias de viagens, a gastronomia de Belém segue fazendo sucesso com o selo de cidade da gastronomia criativa conferido pela UNESCO, em 2015, renovado em 2019 e 2023.
Com a realização da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP-30), somada às ações da Prefeitura de Belém, por meio da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Semcult) e a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico (Sedcon), a cultura e a culinária local estão cada vez mais valorizadas, apoiando a cadeia produtiva da alimentação e reconhecendo a importância do segmento para impulsionamento do turismo e da economia da capital paraense.
Na chamada linha do tempo,a mistura de sabores paraenses que está encantando o mundoiniciou após os meados do século XIX, abrangendo o período de 1870 a 1900, quando Belém vivia o apogeu da riqueza da exploração da borracha e com grande influência de países europeus, mais especialmente a França, conforme pesquisa do Trabalho de Conclusão de Curso dos formandos em Gastronomia pela Universidade do Estado do Pará (UEPA), Agenor Garcia Pinto e Cybele da Silva Pantoja.
Os dois mergulharam no universo da“Alta gastronomia da Amazônia no final do século XIX: a influência da Belle Époque na cozinha belenense”. O estudo com mais de 30 páginas é um passeio na investigação dos hábitos alimentares e culturais influenciados com a mudança provocada pela riqueza. Eram tempos de saraus e banquetes como o “banquete dos intendentes”, oferecido por Antônio Lemos, em pleno Bosque Rodrigues Alves, em 1900.
O evento, segundo o estudo, foi caracterizado por ostentação e luxo e com cardápio influenciado pela alta gastronomia francesa com carnes, frutos do mar, vinhos, champagnes, doces e sorvetes, além das porcelanas e talheres de prata, itens considerados símbolos de status e riqueza na época.
Com o passar dos anos, todos os sabores paraenses de ervas, temperos, frutas, pescado e carnes foram se incorporando aos cardápios estrangeiros, chegando ao topo do que se conhece atualmente com pratos famosos capitaneados pela maniçoba e o pato no tucupi, que aliás merece um capítulo especial, já que ave foi importada da Europa e era servida ao molho da laranja, que também era escassa por essas bandas na virada do século. Então, o prato foi adaptado com tucupi e não saiu mais de moda; o mesmo ocorreu com doces e sorvetes que ganharam as versões de cupuaçu, castanha e a imensa variedade de frutas.
“Aqui com certeza também eram servidos grandes banquetes ao estilo luxuoso, um legado para nossa cidade”, completou, sem esconder que a curiosidade sobre o que existia de hábito alimentar no apogeu da riqueza da borracha, foi o que motivou a elaboração juntamente com a colega de turma Cybele da Silva Pantoja.
De acordo com o superintende da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, Auiá Reis Queiroz, a publicação do ranking das cidades com maiores atrativos culinários mostra que Belém está à frente de todos os países da Europa e valoriza a diversidade da culinária, que ainda crescerá ainda mais, a partir do momento em que os brasileiros do Centro-oeste, Sul e Sudeste desejarem conhecer e provar os sabores paraenses.
“Temos muito potencial a ser descoberto e a COP-30 será esse momento, pois, estarão em Belém comitivas internacionais como chefes de Estados, jornalistas, pesquisadores e influencers que vão provar da nossa comida e certamente aprovar”, comentou, também concordando que o paraense é bom de boca. “Com essa nossa culinária única não tem como resistir”, completou.
De olho no preparativo do mercado gastronômico, a Secretaria tem realizado encontros com os representantes do setor com capacitação profissional e facilitando os acessos as linhas de crédito para abrir, reformar ou ampliar pequenos negócios. Só neste primeiro semestre, já foram realizados dois workshops exclusivos para pequenos, médios e grandes comerciantes do setor da gastronomia de Belém e região distrital.
Os trabalhadores do mercado informal da cadeia alimentar de Belém estão sendo cadastrados pela Prefeitura de Belém, por meio da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico. De acordo com o balanço parcial, já foram cadastrados 469 permissionários da alimentação; 245 permissionários de lanches e 67 permissionários de açaí. O trabalho segue de maneira presencial, na sede da secretaria, na avenida Dr Freitas, 2272, ou de forma itinerante com os servidores atuando em ações rotineiras nas feiras e mercados de vias públicas de Belém. os números demonstram o quanto Belém está associada a cultura alimentar.
Para o secretário André Cunha, titular da Sedcon, o fato de Belém estar entre as dez cidades com gastronomia criativa no mundo é um momento histórico que vem se repetindo desde 2015, quando a capital paraense recebeu o título da UNESCO de cidade criativa da gastronomia. Ele explica que o momento é importante e que a gastronomia ajuda na elevação da economia de Belém. “Essa situação positiva vem ocorrendo desde 2015, quando Belém recebeu o título de cidade criativa da gastronomia pela UNESCO, sendo renovado em 2019 e 2023, um título justo e merecido, pois Belém é uma das poucas cidades brasileiras que detêm essa marca que nos ajuda a fomentar toda cadeia produtiva da gastronomia, desde a agriculta familiar, passando pelo transportador, permissionários e restaurantes colaborando diretamente para fortalecimento do setor e da economia de Belém”, disse.