A Festa do Divino Espírito Santo foi o grande tema da abertura do Giro Cultural 2025 na tarde de quinta-feira, 15, no Museu Municipal Francisco Coelho. Foi exibido o documentário “Divino, a festa” da pesquisadora Gabi Silva e, após a exibição, ocorreu uma mesa com a pesquisadora e representantes dos grupos de Divino Espírito Santo e da Fundação Casa da Cultura de Marabá (FCCM).
A admiração de Gabi Silva pela Festa do Divino Espírito Santo começou em 2009 quando começou a acompanhar a manifestação por meio do esposo, que fez um Trabalho de Conclusão de Curso sobre a festa. Ela fez mestrado em 2018 e produziu um glossário que catalogou os termos que constituem a festa e que não estavam registrados em dicionários, por exemplo, por serem fruto da oralidade própria dos rituais da festa.
A dissertação de mestrado da pesquisadora também gerou o documentário “Divino, a festa”, lançado em 2020. A obra audiovisual foi produzida por ela, que roteirizou e realizou as entrevistas, e seu esposo fez as filmagens e editou. Para ela, é gratificante ver que a pesquisa pôde sair das páginas da dissertação para alcançar as pessoas por meio do documentário.
“O documentário traz a fala dos principais imperadores e imperaderas que fazem a festa. Eu entrevistei 18 divindades. Foi um trabalho de mais de 200 páginas só de transcrição. E está lá o registro dessas pessoas, que são devotas, que são imperadores, que são pessoas que acreditam nos milagres que o Divino Espírito Santo faz. Então, partilhar um pouco do que eu aprendi durante os festejos, esse meu respeito e admiração pela Festa do Divino, me deixa muito feliz e orgulhosa”, explica.
Além da exibição do documentário, neste sábado, 17, ocorre o cortejo com os Grupos do Divino Espírito Santo. Para Maria Luiza Kluck, presidente da Associação dos Grupos de Divino Espírito Santo, o Giro Cultural tem ampliado a visibilidade da manifestação religiosa e cultural na cidade.
“A partir desse momento que acontece o Giro Cultural, a gente ganhou mais visibilidade, estamos mais presentes dentro do calendário cultural de Marabá. Estamos bastante felizes por esse reconhecimento”, afirma.
Em Marabá, há grupos do Divino Espírito Santo com mais de 100 anos de existência, uma tradição que passa de geração para geração. Atualmente, são 20 grupos em Marabá, com manifestações que chegaram aqui de estados como Minas Gerais, Goiás e Maranhão.
Uma das pessoas que seguem a tradição de família é Dionatan Dias, do Divino da Dona Dica. Ele participou da programação junto com o filho João Paulo, de 9 anos, que toca a caixa do Divino, instrumento musical que faz parte do festejo.
“É uma grande importância, respeito e gratidão por ver todos os grupos do Divino Espírito Santo participar de uma festa muito linda porque o Divino Espírito Santo é uma festa religiosa e cultural. Eu nasci na Festa do Divino, vendo meus bisavós, minhas avós festejando o Divino Espírito Santo e minha mãe. Eu nasci dentro da festa, amo e sou feliz por essa festa. Para mim, é uma festa cultural, religiosa, muito linda, do Divino Espírito Santo, que eu amo”, observa.
A exibição do documentário marcou a transição da programação da 23ª Semana dos Museus com a abertura do Giro Cultural. Lara Luz, diretora do Museu Francisco Coelho, revela o objetivo de pensar em programações sobre o Divino Espírito Santo nesta edição.
“Estávamos preocupados de a população compreender o que é cada elemento dessa festividade tão rica, cheia de detalhe. É uma festividade de origem portuguesa, mas que é apropriada, ressignificada. Então, acontece no sudeste paraense, se manifesta aqui há muitos anos. Então, a gente está começando nessa perspectiva de conhecer, de aprender sobre para depois a gente poder curtir juntos com eles no sábado”, explana a diretora.
A presidente da Fundação Casa da Cultura de Marabá, Thaís Cariello, participou da exibição do documentário e ressalta o caráter de valorização do que é realizado no município.
“A gente integrou a Semana Nacional dos Museus. Então, é uma programação cultural, regional, aqui da nossa cidade e a gente veio prestigiar esse evento”, comenta.
Texto: Ronaldo Palheta
Fotos: Sara Lopes
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