Pela primeira vez, a Assembleia Legislativa do Pará (Alepa) realizou um casamento comunitário, possibilitando a formalização da união matrimonial de 23 casais. A iniciativa foi da Comissão de Direitos Humanos da Casa, em parceria com a Faculdade Faci Wyden. O evento foi realizado no auditório João Batista e os noivos tiveram decoração, música, cerimonial, bolo e registro fotográfico sem custos.
“Queremos chamar a atenção para um direito que todas as pessoas têm, de ter acesso a esse estatuto, que é um contrato de vida”, ressaltou o presidente da comissão, deputado Carlos Bordalo. “Há milhares de paraenses que não têm condições pecuniárias para fazer seus casamentos, e o direito não pode ser restringido por essas questões. Estamos falando de um direito constitucional, um direito que cada indivíduo tem de definir sua vida em comum com outra pessoa. É também uma forma de humanizar o Poder Legislativo”, avaliou.
“Estou muito feliz com essa parceria com a Alepa. Queremos participar de mais momentos como esse com a comunidade”, explicou Rosana Nascimento, diretora da Faci Wyden. Os professores e alunos do curso de direito foram responsáveis pela parte da documentação e burocracia legal para a realização dos casamentos.
A cerimônia foi celebrada pelo juiz de paz Alfredo Augusto Rodrigues. “É prazeroso ter a oportunidade de conhecer as histórias de tantos casais e participar deste momento em que eles estão olhando para o futuro e construindo suas famílias”, disse o celebrante.
Os casais entraram no auditório João Batista ao som da marcha nupcial, tocada pela banda da Polícia Militar. Ester Amaral, de 24 anos, e Elielton Pinheiro, de 26 anos, se conheceram na adolescência. “Fomos os primeiros namorados um do outro. Estamos juntos há dez anos e há quatro anos vivendo juntos. O casamento era um sonho, para oficializar nosso amor”, diz Ester. “Nos amamos hoje mais do que há dez anos”, garante Elielton.
“Passei muito tempo sozinho, até encontrar minha companheira de vida”, diz José Carlos Celestino, de 71 anos. Há cinco anos, ele conheceu Ângela Maria Lima, de 44 anos. “Estamos muito felizes, com a certeza de que vamos viver juntos e casados daqui pra frente”, comemora a noiva.
Ao final da cerimônia, os recém-casados receberam as certidões de casamento e comemoraram com um coquetel no Palácio Cabanagem.
Matrimônios
De acordo com a última Pesquisa de Estatísticas do Registro Civil, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foram registrados 970 mil casamentos em 2022, um aumento de 4% em relação ao ano anterior. Em 2020, primeiro ano da pandemia, ocorreram 757 mil casamentos. No ano seguinte, foram registrados 932,5 mil, o que confirma que houve retomada pós-pandemia, mas o número ainda se mantém abaixo da média de 1.076.280 registrada entre 2015 e 2019.
Para o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Alepa, deputado Bordalo, o Casamento Comunitário é uma ação que tem se tornado cada vez mais comum em diversas cidades do Brasil. “Através dela, é possível reduzir as desigualdades sociais, uma vez que muitos casais já possuem uma relação matrimonial, mas não oficializada perante a lei exatamente por não possuírem recursos financeiros para formalizar a união”, pontua.
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