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Percepção sobre política ambiental do governo federal é ruim ou péssima para 53%

Pesquisa de opinião pública encomendada pela ONG NOSSAS revela que, diferente do governo federal, os brasileiros acreditam que o desmatamento da Am...

Redação
Por: Redação Fonte: Agência Dino
13/06/2022 às 12h50
Percepção sobre política ambiental do governo federal é ruim ou péssima para 53%
Amazonia

Em alusão à Semana do Meio Ambiente, a ONG NOSSAS, em parceria do Instituto Ideia, lança nesta quinta-feira, 9, a pesquisa de opinião pública "Amazônia e Eleições: percepções dos brasileiros sobre mudanças climáticas e Amazônia”, que traz um retrato sobre a visão nacional da crise ambiental. A pesquisa, realizada entre 1º e 13 de dezembro de 2021 e inédita até então, traz um diagnóstico da situação ambiental no Brasil, mostrando quem a população vê como os responsáveis pela crise e quem são as fontes confiáveis sobre desmatamento e proteção da Amazônia.

Cerca de 7 a cada 10 brasileiros concordam que a preservação ambiental é meta muito importante e para 53% da população os esforços do governo federal são considerados "ruins” ou "péssimos”. Segundo a pesquisa, aqui a maioria acredita nas notícias que alertam sobre as mudanças climáticas, o aumento do desmatamento de florestas e a influência do homem para o crescimento das crises do clima. Diferente do que atesta a pesquisa do instituto estadunidense Pew Research Center, lançada em 2019, que mostra que 20% dos americanos acham que a ação humana não tem efeito considerável nas mudanças climáticas. Aqui no Brasil, esse grupo é menor: são 6% descrentes contra 93% dos brasileiros que acreditam que as mudanças climáticas são consequência total ou parcial de ações humanas.

Os entrevistados responderam que, para eles, o aumento da temperatura e do calor são as principais consequências do desmatamento. A maioria (69%) percebe que a derrubada ilegal da floresta amazônica tem crescido nos últimos cinco anos, algo que é sentido ainda mais pelos nortistas; 79% concorda com o crescimento. A pesquisa revela que os mais citados como responsáveis pelos crimes são as empresas "madeireiras” (40%), o "garimpo” (25%) e a "agropecuária” (16%). Em contraponto, os brasileiros enxergam nos "povos indígenas” (27%), "moradores locais” (21%) e "ONGs” (16%) como os grupos que mais contribuem para a manutenção da floresta. Quando o assunto é fonte de informação confiável, os povos indígenas e as ONGs são os mais citados com 53% e 49%, respectivamente. Pastores e a ONU também são apontados com a avaliação média de 38% e a imprensa tradicional foi citada por 35% dos entrevistados. Na escala dos menos confiáveis sobre o tema da preservação ambiental, o governo federal aparece com 26% de confiabilidade.

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"De forma geral, os brasileiros compartilham o diagnóstico da situação ambiental do país: a maioria acredita que as atividades humanas são o principal responsável pelas mudanças climáticas; que o desmatamento ilegal da Amazônia aumentou nos últimos anos; e que é possível aliar preservação ambiental e desenvolvimento econômico”, avalia o cientista político e gestor de dados da ONG NOSSAS, Anderson Bento. "As principais causas, consequências e responsabilização do aumento do desmatamento na Amazônia são os assuntos que geram mais divergência. E em meio a esse debate, os Povos Indígenas e ONGs são reconhecidos como os grupos mais confiáveis quando o assunto é proteção da Amazônia", acrescenta.

A pesquisa realizada pela ONG NOSSAS teve como ponto de partida o interesse da organização em entender a percepção do brasileiro sobre a pauta climática. A partir do resultado, surgiu a proposta de projeto de lei de iniciativa popular "Amazônia de Pé”, uma solução apresentada pela ONG para conter o desmatamento do bioma mais ameaçado no país e ampliar a discussão sobre crise climática e seus efeitos na vida contemporânea. 

A proposta de lei obriga que o governo transforme 50 milhões de hectares de terras não destinadas na Amazônia, que hoje estão sem proteção, em Unidades de Conservação da Natureza, territórios indígenas e quilombolas para que, dessa forma, possam ser preservadas de fato. A área de terras não destinadas na região representa 50 milhões de campos de futebol e é o território mais atacado por grileiros, estando à mercê do desmatamento, segundo o Instituto de Pesquisa Ambiental na Amazônia. A ideia é que essas terras fiquem sob proteção de quem cuida da floresta, transformando territórios desprotegidos em áreas ocupadas.

Na história brasileira, quatro leis foram aprovadas a partir da ferramenta: a mais notável delas é a Lei da Ficha Limpa de 2010, que proíbe que políticos condenados em segunda instância possam se candidatar novamente. A ONG NOSSAS elaborou uma proposta que visa proteger a floresta amazônica em seu momento mais crítico de destruição. A pesquisa revelou que, apesar da maioria desconhecer o que é um projeto de lei de iniciativa popular, 90% dos entrevistados assinariam uma lei em defesa da Amazônia. 

"62% dos jovens entre 16 e 24 anos acredita ser possível acabar com o desmatamento na Amazônia. 96% deles assinariam um projeto de lei de iniciativa popular em defesa da floresta. Mas a maioria não sabe que temos esse poder de propor ao Congresso uma lei”, declara Daniela Orofino, socióloga, mestranda em Ciência da Informação e Diretora de Projetos no NOSSAS. "Nosso papel com a ‘Amazônia de Pé’ é mostrar que nós somos maioria e que juntos podemos fazer essa mudança", completa Daniela.

A pesquisa, realizada pelo instituto Ideia, ouviu 2 mil pessoas entre 1º e 13 de dezembro de 2021. O intervalo de confiança estimado é de 95% e a margem de erro do estudo tem aproximadamente 3 pontos percentuais.

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