
Um levantamento inédito, divulgado em 26 de novembro de 2025, revela que 53,5 mil servidores públicos ativos e aposentados receberam salários acima do limite constitucional de R$ 46,4 mil por mês, entre agosto de 2024 e julho de 2025. O estudo, realizado pelo Movimento Pessoas à Frente em parceria com a República.org, mostra que os cofres públicos foram drenados em cerca de R$ 20 bilhões neste período, valor equivalente a US$ 8 bilhões, considerando a paridade do poder de compra.
Os dados indicam que o “festival de supersalários” está concentrado em poucos grupos privilegiados: a magistratura lidera, com 21 mil juízes e desembargadores ultrapassando o teto, gerando gastos de R$ 11,5 bilhões; o Ministério Público, com mais de 10 mil membros, acumulou R$ 3,2 bilhões; e o Executivo Federal, especialmente a Advocacia-Geral da União e procuradorias federais, concentrou R$ 4,33 bilhões em supersalários de 12,2 mil servidores.
Em comparação internacional, o Brasil dispara à frente. Enquanto Argentina, Alemanha, Chile, Colômbia, Portugal e Estados Unidos registram números muito menores — os EUA, por exemplo, têm pouco mais de 4 mil servidores acima do teto —, o país lidera com folga no ranking global de supersalários.
Especialistas criticam a prática como um desperdício de recursos públicos, que prejudica investimentos em saúde, educação e infraestrutura. Para dirigentes do Movimento Pessoas à Frente, a situação é um duplo golpe: além de violar a lei, aprofunda a desigualdade entre os servidores, criando uma elite funcional que desfruta de privilégios enquanto a maioria sobrevive com salários modestos.
Apesar da indignação popular — pesquisas apontam que 83% da população desaprova os supersalários —, tentativas de limitar gratificações, bônus e penduricalhos esbarram na resistência de setores do Judiciário. Os mecanismos de verbas indenizatórias, retroativos e acúmulo de funções continuam servindo como brechas legais para burlar o teto.
O resultado é um sistema de privilégios arraigados, que transforma uma pequena parcela do funcionalismo em verdadeiros “marajás” do serviço público, enquanto milhões de brasileiros enfrentam restrições orçamentárias e serviços públicos precários.