O primeiro evento no Brasil dedicado à Missão Biomass, da Agência Espacial Europeia (ESA), começou nesta terça-feira (30) e segue até quinta-feira (2), no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) Amazônia, instalado no Parque de Ciência e Tecnologia (PCT) Guamá. Intitulado “Cooperação Brasil e Agência Espacial Europeia em dados e aplicações de Observação da Terra da Missão Biomass”, o encontro reúne especialistas nacionais e internacionais para discutir aplicações e oportunidades do satélite.
Lançada em abril de 2025, a Missão Biomass visa mapear com precisão a biomassa florestal do planeta e quantificar os estoques de carbono das florestas. O satélite opera com o primeiro radar de banda P em órbita, capaz de atravessar a cobertura de nuvens e a copa das árvores, fornecendo informações inéditas sobre a estrutura tridimensional das florestas.
Durante a abertura, Anabela Fonseca, representante do Departamento de Relações Internacionais da ESA, destacou a parceria histórica entre a agência e o Brasil, iniciada em 1977, logo após a criação da ESA, em 1975. A cooperação começou com a instalação de uma estação de rastreio para lançadores na Guiana Francesa, território francês, e se estendeu a áreas brasileiras para observação da Terra e projetos educacionais.
Segundo Fonseca, a escolha de Belém como sede do workshop foi estratégica: em vez de realizá-lo em Brasília ou São José dos Campos, como em edições anteriores, a ESA decidiu trazer o encontro para a Amazônia, fortalecendo a cooperação com instituições locais. “O workshop integra dados europeus e brasileiros, com sessões técnicas e painéis de especialistas, para fortalecer o monitoramento da Amazônia e aprimorar as respostas às demandas regionais”, explicou.
Para a coordenadora do Inpe Amazônia, Alessandra Gomes, a iniciativa reforça o protagonismo da região em debates internacionais sobre clima e sustentabilidade. “O evento destaca a discussão nacional sobre o satélite Biomass e suas possibilidades. No contexto pré-COP30, o encontro reforça a importância da Amazônia em debates globais, ao tratar da biomassa e dos estoques de carbono, elementos essenciais para a compreensão das mudanças climáticas”, observou.
O evento é resultado da cooperação entre a ESA, Inpe e a Agência Espacial Brasileira (AEB), com apoio da Selper Brasil, PCT Guamá e da Fundação Guamá.
Referência em inovação
O Parque de Ciência e Tecnologia (PCT) Guamá é uma iniciativa do governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Educação Superior, Profissional e Tecnológica (Sectet), com as parcerias da Universidade Federal do Pará (UFPA) e Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), e gestão da Fundação Guamá.
É o primeiro parque tecnológico da região Norte do Brasil, e visa estimular a pesquisa aplicada e o empreendedorismo inovador e sustentável, a fim de melhorar a qualidade de vida da população.
Localizado às margens do Rio Guamá, que dá nome ao complexo, o PCT está situado entre os campi das duas universidades, e conta com um ecossistema rico em biodiversidade, estendendo-se por 72 hectares, destinados a edificações e à Área de Proteção Ambiental (APA) da Região Metropolitana de Belém.
O complexo conta com mais de 90 empresas entre residentes e associadas, 17 laboratórios com mais de 400 pesquisadores, 44 patentes e uma escola técnica.
O PCT Guamá integra a Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec) e International Association of Science Parks and Areas of Innovation (Iasp), e faz parte do maior ecossistema de inovação do mundo.