No Dia da Amazônia e também no Dia Internacional da Mulher Indígena, celebrados em 5 de setembro, o Governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado dos Povos Indígenas (Sepi), reforça o protagonismo das mulheres e dos povos indígenas na defesa da floresta e na construção de soluções para a crise climática.
O Pará reúne cerca de 70 povos indígenas entre mapeados e isolados, de acordo com levantamento da Federação dos Povos Indígenas do Pará (Fepipa). A Fepipa é uma organização que representa os povos indígenas do Estado, fundada em 2016, que atua em defesa dos direitos coletivos e individuais, além de promover o fortalecimento cultural, político e social das comunidades indígenas. Segundo o levantamento da federação, o Pará concentra mais de 80 mil indígenas, distribuídos em territórios e também em áreas urbanas, evidenciando o desafio de garantir políticas públicas adequadas e inclusivas.
Já o Censo 2022 do IBGE aponta que o Estado tem 80.974 indígenas, o que corresponde a 1% da população total do Pará, estimada em 8.116.132 habitantes. O Pará ocupa a 6ª posição no ranking nacional de Estados com maior população indígena, atrás apenas do Amazonas, Bahia, Mato Grosso do Sul, Pernambuco e Roraima.
Ainda segundo o IBGE, 51,64% dos indígenas no Pará viviam em terras indígenas em 2022, um crescimento de 13,15% em relação ao censo anterior. Os dados também revelam que há indígenas em todos os 144 municípios paraenses.
Esses levantamentos complementares da Fepipa e do IBGE reforçam a diversidade e a relevância dos povos indígenas no Pará, evidenciando a importância da Sepi na articulação de políticas públicas que alcancem tanto as aldeias quanto as populações que vivem em áreas urbanas.
“A Amazônia não pode ser vista apenas como recurso, mas como vida. Para nós, povos indígenas, preservar a floresta é preservar nossas culturas, nossa espiritualidade e a existência das futuras gerações. O Pará mostra ao Brasil e ao mundo que o protagonismo indígena é essencial e as mulheres indígenas são a forma que leva de geração em geração os ensinamentos de proteção da natureza”, afirmou a secretária dos Povos Indígenas do Pará, Puyr Tembé.
Segundo o IBGE, as mulheres indígenas representam mais de 50% da população indígena no Brasil. No Pará, elas têm papel fundamental nos territórios: são responsáveis pela transmissão dos conhecimentos tradicionais, pelo cuidado com a terra e pela organização comunitária. Além disso, sua presença vem crescendo nos espaços políticos e de articulação, fortalecendo a luta coletiva pela preservação da Amazônia e pela garantia de direitos.
A conexão entre território e direitos humanos também ganha força nesse marco. A preservação da Amazônia está diretamente ligada à garantia dos direitos fundamentais dos povos indígenas, como o direito à terra, à cultura, à educação diferenciada e à saúde, reconhecidos na Constituição Federal, na Convenção 169 da OIT e na Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas.
Para a juventude, o Dia da Amazônia também representa um chamado à continuidade dessa luta. Tuxere da Silva, jovem indígena de 14 anos da aldeia Krijõhêrêkatêjê, reforça a importância de os jovens se prepararem para os desafios do futuro. “A floresta é a nossa escola e o nosso lar. Quando a gente fala sobre Amazônia, estamos falando de nós mesmos. Aprender e participar desse processo é importante para que possamos seguir cuidando do nosso território e do planeta.”
Ao longo do mês de setembro, a Sepi seguirá realizando agendas e diálogos estratégicos, reforçando a presença do Pará como território central para o enfrentamento das mudanças climáticas e para a garantia de um futuro justo e sustentável.