Em um momento simbólico para Belém, cidade-sede da COP-30, seis mudas de samaumeiras (Ceiba pentandra), espécie símbolo da floresta amazônica, foram plantadas nesta quarta-feira (6) no Bosque Rodrigues Alves, no bairro do Marco. A ação foi realizada pela Prefeitura de Belém, por meio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma), em parceria com o Instituto Amigos da Floresta Amazônica (Asflora) e reuniu estudantes da Escola Estadual Santo Agostinho, biólogos e ambientalistas em uma manhã marcada pelocompromisso com a restauração e preservação ambiental.
Importância ecológica da samaumeira
Conhecida como a “mãe da floresta“, a samaumeira pode atingir até70 metrosde altura e desempenha papel crucial noequilíbrio dos ecossistemas amazônicos. A bióloga Josyane Brasil, do Bosque Rodrigues Alves, reforça a função ecológica da espécie.
“Ecologicamente, a samaumeira é considerada a mãe da floresta porque ela vai servir de ninho para várias espécies. Ela atrai meliponíneos, abelhas sem ferrão que polinizam outras árvores próximas. Seu crescimento é muito rápido. Em dois anos, essas mudas já estarão em porte elevado”, explicou.
Segundo ela, o plantio ocorre em um canteiro com luminosidade ideal e, apesar de fora do pico do período chuvoso, a umidade ainda presente na capital paraense favorece o desenvolvimento das mudas.
O local escolhido para o plantio das mudas — o centenário Bosque Rodrigues Alves, no bairro do Marco — oferece as condições ideais para o desenvolvimento da espécie. O espaço já abrigacinco samaumeiras adultase, segundo a diretora do Departamento de Gestão de Áreas Especiais do bosque, Ellen Eguchi, o plantio reforça o papel do espaço comopolo de preservação.
“Saber que o Bosque ainda pode albergar esse tipo de espécie, devido às características edafoclimáticas, é motivo de muita alegria. Temos o relevo, clima e umidade adequados. Plantar uma árvore já é significativo. Mas saber a origem das sementes e acompanhar esse ciclo aqui dentro é ainda mais especial”, destacou.
A iniciativa foi fortalecida por uma rede de parceiros ambientais, como o Instituto Asflora e o Projeto Água Vida. A coordenadora de Projetos do Asflora, Josiane Mattos, ressaltou o valor simbólico do gesto.
“Nós não estamos plantando só uma samaumeira, estamosplantando esperança. Estamosrestaurando a fauna e a flora. O Bosque é um parceiro de longa data e montar esse santuário das samaumeiras aqui é uma promessa de que essas árvores vão perpetuar e ficar para asfuturas gerações”, afirmou.
As seis mudas plantadas no Bosque são frutos de umasamaumeira históricaquetombou em 2023 na Praça da Basílica Santuário de Nazaré, após décadas como um dos marcos naturais da cidade. Antes da queda, o Instituto Asflora já havia realizado a coleta das sementes, que costumam surgir entre os meses de novembro e dezembro. O gesto preventivo permitiu a germinação e preservação genética da árvore, agora representada por novas vidas plantadas em solo protegido.
Segundo ela, as mudas, com cerca de 50 a 60 cm, têm maiores chances de adaptação e crescimento rápido. A intenção é que o espaço se torne um verdadeirorefúgio ecológico para a espécie, em meio àárea urbana da capital.
Para o fotógrafo e ambientalista Mário Barila, idealizador da ação junto ao Instituto Asflora, o plantio vai muito além do ato simbólico. Ele representa um marco na trajetória ambiental de Belém.
“Esse momento aqui vai sempre lembrar que as samaumeiras foram plantadas no ano da COP-30. É um gesto de conexão com o futuro. Nós procuramos a direção do Bosque, que prontamente abraçou a ideia. Hoje, conseguimos plantar seis mudas de sumaúmas aqui, num local acessível, onde apopulação poderá acompanhar o crescimento dessas árvores”, disse Barila.