Seis peixes-boi-da-amazônia reabilitados foram devolvidos nesta semana à natureza durante ação realizada na comunidade Igarapé do Costa, em Santarém, município do oeste do Pará. A atividade contou com a participação da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Clima e Sustentabilidade (Semas), em apoio ao Projeto Peixe-Boi da Amazônia, desenvolvido pelo ZooUnama e Grupo Ser Educacional desde 2008, considerada uma das mais relevantes iniciativas de conservação da espécie no Brasil.
A embarcação com os animais saiu da orla de Santarém, com representantes da Semas, ZooUnama, ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), parceiros institucionais e empresas com atuação em ESG (Ambiental, Social e Governança), como a Alcoa. O Igarapé do Costa foi escolhido para a soltura por suas condições ambientais ideais, com abundância de vegetação aquática, o que garante alimento e segurança aos animais.
A Semas é uma das principais articuladoras das ações voltadas à proteção do peixe-boi no Pará. Nos últimos dois anos, a Secretaria, em conjunto com o Grupamento Aéreo de Segurança Pública (Graesp), vinculado à Segup (Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social), vem fortalecendo sua atuação por meio de operações de resgate, encaminhamento de animais para centros de reabilitação e apoio institucional direto a várias iniciativas, como o Projeto Peixe-Boi da Amazônia, executado pelo ZooUnama.
Suporte- Como forma de ampliar a estrutura e a capacidade de acolhimento desses centros, a Semas também insere e destina condicionantes específicas aos processos de licenciamento ambiental, garantindo suporte técnico e financeiro às ações de conservação do ZooUnama e do Instituto Nhamundá, no município de Oriximiná.
“A devolução da espécie representa a culminância de um trabalho cuidadoso, que envolve resgate, reabilitação e reintegração à natureza. A Semas está comprometida com esse processo e vem articulando parcerias e estruturando ações que garantam o bem-estar dos animais e a conservação da biodiversidade amazônica”, destacou o secretário-adjunto de Gestão e Regularidade Ambiental da Semas, Rodolpho Zahluth Bastos.
No Igarapé do Costa, um segundo tanque de ambientação está sendo reformado por meio de uma condicionante de licenciamento ambiental entre Semas e Alcoa, para receber animais nessa área específica antes da soltura.
Outro grupo de cinco peixes-boi permanece na base de ambientação, sendo preparados para futuras reintroduções ao habitat natural.
Conservação- Desde sua criação, o Projeto Peixe-Boi da Amazônia já resgatou mais de 150 animais, desempenhando um papel essencial na conservação de uma espécie ameaçada de extinção e de grande importância ecológica, cultural e econômica para a região amazônica.
Esta é a terceira soltura realizada pelo projeto, que teve sua primeira liberação de animais reabilitados em março de 2019, a segunda em 2022 e a terceira neste ano. “Hoje, nós estamos realizando mais uma soltura desses animais. Sempre é bom lembrar que isso é um processo feito por etapas”, explicou Jairo Moura, veterinário do Zoounama. Segundo ele, tudo começa com o resgate dos filhotes, encontrados órfãos, feridos ou debilitados, que são levados ao zoológico da Unama para iniciar o processo de recuperação.
Após essa etapa inicial, os animais passam por um período de readaptação em uma base flutuante, onde aprendem a viver em condições mais próximas do ambiente natural. Somente depois desse processo são considerados aptos para reintegração à natureza.
“A única meta desse processo é a conservação do peixe-boi, um animal importante para o equilíbrio ecológico da Amazônia”, concluiu o veterinário.
Projeto de Lei- O Governo do Pará encaminhou à Assembleia Legislativa (Alepa) um projeto de lei que declara o peixe-boi-da-amazônia como patrimônio natural do Estado. A proposta em andamento pretende ampliar o amparo jurídico às práticas de conservação que vêm sendo realizadas.
“Reconhecer o peixe-boi como patrimônio natural é um gesto simbólico e estratégico. Isso dá maior respaldo às medidas que já vêm sendo adotadas, e impulsiona novas políticas públicas voltadas à proteção da espécie no Pará ”, disse o secretário-adjunto.