Belém foi uma das dez cidades do mundo a sediar a campanha internacionalWorld Skin Health Day, promovida pelaInternational League of Dermatological Societies (ILDS)e pelaInternational Society of Dermatology (ISD), nesta sexta-feira (12). No Brasil, a realização ficou a cargo da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), com apoio da Prefeitura de Belém, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (Sesma), da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) e da Universidade do Estado do Pará (Uepa).
O evento, sediado noCentro de Referência Especializado em Dermatologia da Uepa, reuniu médicos dermatologistas, estudantes de medicina, técnicos de enfermagem e equipes de saúde da Sesma e Sespa em um esforço conjunto para levar atendimento gratuito e especializado à população, com foco no diagnóstico precoce da hanseníase.
A iniciativa vem ao encontro do reconhecimento daOrganização Mundial da Saúde (OMS), que incluiu as doenças de pele como prioridade de saúde pública global. Belém, com96 casos novos de hanseníase registrados só em 2024, tem reforçado ações para diagnóstico precoce e combate ao estigma da doença.
Ao todo, cerca de500 pessoasforam atendidas durante a ação. Os casos positivos foram notificados imediatamente, e os pacientes já saíram com aprimeira dose da medicação, além de encaminhamento para continuidade do tratamento naunidade de saúde mais próxima de suas casas.
“Esse é um projeto mundial, e Belém foi contemplada como uma das cidades-sede. Viemos buscar ativamente pacientes com hanseníase. Todos os casos diagnosticados iniciaram o tratamento na hora. O diagnóstico precoce é fundamental, pois garante cura sem sequelas”, destacou Regina Carneiro, secretária-geral da SBD.
A campanha foi realizada simultaneamente em cidades de nove países: Bangladesh, Colômbia, Etiópia, Grécia, Indonésia, Nigéria, Filipinas, Tanzânia e Estados Unidos, além do Brasil.
A programação contou com20 dermatologistas,40 estudantes de medicinae dezenas de profissionais de enfermagem e apoio. A moradora do bairro do Jurunas, Nelma Pereira, de 53 anos, relatou que procurou o mutirão após apresentar manchas e coceira na pele.“Saí aliviada, era só uma alergia. Já estou com a receita e o encaminhamento para continuar o acompanhamento”.
Jaciara Monteiro, de 61 anos, que reside no bairro da Sacramenta, decidiu participar do mutirão após observar uma mancha avermelhada que apareceu em seu corpo há cerca de um ano.“Os médicos foram muito atenciosos. Fui avaliada e agora estou mais tranquila, está tudo encaminhado”.
O momento também foi oportuno para Maria Sueli Costa. As manchas na pele em seu corpo despertaram um alerta. Decidida, foi até uma rede municipal de saúde em busca de atendimento e, posteriormente, orientada a procurar o mutirão.“Fui atendida rapidamente, diagnosticada com hanseníase e já comecei o tratamento. Estou muito aliviada”, contou, emocionada.
Para a equipe organizadora, a resposta da população reafirma a importância de campanhas desse tipo. “Vimos pessoas extremamente agradecidas, pacientes que há mais de dez anos esperavam por atendimento dermatológico. Alguns já haviam abandonado o tratamento da hanseníase e agora retornaram graças à ação”, relatou Regina Carneiro.
A equipe dareferência técnica em hanseníase da Sesmarealizou testagens rápidas em pessoas que tiveram contato com casos confirmados. Além disso, pacientes diagnosticados foram acolhidos, orientados e já receberam a primeira dose do medicamento no local.
“Nosso trabalho não termina no mutirão. A partir de agora equipes da Sesma vão até a casa dos pacientes diagnosticados para avaliar e acompanhar seus contatos próximos, garantindo um cuidado contínuo e responsável”, explicou Gabrielle Lobo, coordenadora municipal de Hanseníase e Tuberculose.
Segundo uma pesquisa recente feita pelaSBD em parceria com o Instituto Datafolha,54% da população brasileira, o equivalente a 90 milhões de pessoas com 16 anos ou mais, nunca consultou um dermatologista.A informação é de uma pesquisa recente feita pelaSBD em parceria com o Instituto Datafolha.
“Isso mostra o tamanho do desafio. Muitas doenças de pele são negligenciadas ou confundidas com outras. Algumas nem são dermatológicas, mas manifestações de doenças sistêmicas. É por isso que ações como essa são fundamentais”, reforçou Regina.