A Câmara de Belém deu um golpe de misericórdia no programa "Bora Belém", que ajudava 18 mil famílias pobres a sobreviver na capital paraense. Na contramão das promessas do prefeito Igor Normando - que jurou ampliar o benefício - os vereadores aprovaram o fim do auxílio com um argumento polêmico: ajudar pobre, dizem, cria "vício em esmola".
Enquanto Belém se gaba para o mundo por sediar a COP30 em 2025, esconde um segredo sujo: 57% dos seus moradores vivem em favelas. São 745 mil pessoas em palafitas e casebres, muitos sem luz ou água potável. Na Baixada da Estrada Nova, segunda maior favela do Norte, crianças brincam no esgoto a céu aberto. E agora, sem o "Bora Belém", essas famílias perderão até o pouco que tinham.
O vereador Zezinho Lima (PL), autor do projeto, disparou: "Isso cria dependência do poder público". O que ele não diz é que o programa custava menos de 1% do orçamento da cidade. Enquanto isso, a prefeitura gasta milhões em obras de fachada para a COP30. Críticos rebatem: "Querem limpar a cidade de pobres antes da chegada dos gringos?".
Normando agora pisa em ovos: sancionar o fim do programa é quebrar sua palavra; vetar significa brigar com a base aliada. Enquanto ele decide, 18 mil lares se perguntam como vão botar comida na mesa. Uma senhora da Vila da Barca resume: "Dizem que esmola vicia, mas fome mata".
A bola agora está com o prefeito. Sua decisão mostrará se Belém está mesmo se preparando para debater o futuro do planeta - ou se abandonou seu próprio povo no passado da miséria.
Ver essa foto no Instagram