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Vale promete R$ 70 bi no Pará até 2030, mas ferrovia Norte-Sul continua no papel: será que o desenvolvimento da região é prioridade?

Governador Helder Barbalho cobra cumprimento de promessas da Vale durante visita de Lula a Carajás, enquanto empresa diz que projeto de ferrovia Açailândia-MA/Vila do Conde-PA ainda “está em estudo”. Até quando o Norte do Brasil vai esperar por infraestrutura que pode transformar sua economia?

Redação
Por: Redação Fonte: Por San Diego DRT-3236
18/02/2025 às 14h33 Atualizada em 18/02/2025 às 16h02
Vale promete R$ 70 bi no Pará até 2030, mas ferrovia Norte-Sul continua no papel: será que o desenvolvimento da região é prioridade?
Helder Barbalho x Gustavo Pimenta

Em um discurso cheio de expectativas e cobranças, o Governador do Pará, Helder Barbalho, não economizou palavras ao se dirigir ao presidente da Vale, Gustavo Pimenta, durante a visita do presidente Lula a Carajás. Enquanto a mineradora anuncia um investimento bilionário de R$ 70 bilhões até 2030 para expandir a mineração de ferro e cobre no estado, uma antiga promessa continua engavetada, a construção da ferrovia que ligaria Açailândia, no Maranhão, ao porto de Vila do Conde, no Pará, integrando o Norte ao Sul do país e revolucionando a logística regional.

A ferrovia, que seria um marco para a economia do Pará e do Sul do Brasil, foi pactuada há mais de uma década entre a Vale, o governo do estado e o governo federal. No entanto, até hoje, o projeto não saiu do papel. Durante seu discurso, Helder Barbalho foi direto: "Gustavo, caiu no teu colo tirar isso do papel e nos ajudar a fazer com que essa ferrovia possa acontecer. Vai ser um legado importante para a economia do Pará e para a economia do nosso País."

A resposta de Gustavo Pimenta, no entanto, deixou a desejar. Em coletiva de imprensa ao Portal Parazão Tem de Tudo, o presidente da Vale afirmou que a empresa "sempre está estudando projetos de infraestrutura", mas que, no momento, não há um estudo concreto sobre a ferrovia. "Essa é uma pauta que a gente está sempre avaliando dentro da companhia. Todo investimento ferroviário é importante, mas atualmente não temos um estudo. Vamos avaliar alternativas e a economicidade desses investimentos para voltar a uma discussão mais estruturada", disse Pimenta.

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Gustavo Pimenta, Presidente da Vale
Gustavo Pimenta, Presidente da Vale

A declaração do executivo levanta questionamentos: até quando o Norte e Sul do Brasil vai esperar por uma infraestrutura que pode transformar sua economia? Enquanto a Vale investe bilhões na extração de minérios, por que projetos que beneficiariam diretamente a população e a logística regional continuam em segundo plano?

Críticas e questionamentos

A postura da Vale diante da ferrovia Açailândia-Vila do Conde revela uma contradição que não passa despercebida. De um lado, a empresa se compromete com investimentos bilionários para ampliar sua capacidade de mineração, garantindo lucros expressivos. Do outro, projetos de infraestrutura que poderiam impulsionar o desenvolvimento regional e reduzir os custos logísticos para diversos setores da economia parecem não ter a mesma urgência.

O Governador Helder Barbalho não escondeu sua insatisfação. Em seu discurso, ele lembrou que a ferrovia foi uma promessa feita ainda na gestão do ex-presidente da Vale, Rogério Bartolomeu, e que, desde então, pouco avançou. "Nós temos uma agenda que a Vale pactuou com o Governo do Estado e com o Governo Federal. Precisamos tirar isso do papel", cobrou.

A ferrovia não seria apenas um benefício para a Vale, mas um legado para o Pará e para o Sul do País. A integração por via férrea reduziria custos de transporte, facilitaria o escoamento de produção agrícola e mineral, e abriria novas oportunidades de negócios para a região. No entanto, a falta de comprometimento da empresa com o projeto deixa claro que, para a Vale, o lucro imediato parece falar mais alto que o desenvolvimento sustentável e inclusivo.

O que esperar do futuro?

A visita do Presidente Lula a Carajás e o anúncio dos R$ 70 bilhões em investimentos poderiam ser o cenário perfeito para a Vale finalmente assumir um compromisso firme com a ferrovia. No entanto, a resposta evasiva de Gustavo Pimenta sugere que a empresa ainda não está disposta a priorizar o projeto.

Enquanto isso, o Pará e o Sul do Brasil continuam esperando por uma infraestrutura que pode transformar suas economias e melhorar a qualidade de vida de milhões de pessoas. A pergunta que fica é: até quando a região vai depender de promessas não cumpridas? E até quando a Vale vai adiar um projeto que, além de ser estratégico para o país, é uma dívida histórica com o desenvolvimento do Norte?

A bola agora está com a Vale. E o tempo, como bem lembrou Helder Barbalho, está passando.

"Vale, é hora de cumprir sua palavra. O Norte do Brasil não pode mais esperar!"

Nota de Esclarecimento da Vale:

Em relação a projetos de infraestrutura, a Vale e o Ministério dos Transportes estabeleceram, no final de 2023, as bases gerais para a repactuação dos Contratos de Concessão da EFC (Estrada de Ferro Carajás) e da EFVM (Estrada de Ferro Vitória a Minas), com o objetivo de promover sua modernização e atualização. Sob essas bases, a Vale se comprometeu com um aporte global máximo de aproximadamente R$ 11 bilhões, destinado à revisão do levantamento da base de ativos da EFC e EFVM, à otimização de obrigações contratuais e ao replanejamento de investimentos.

Esse aporte global abrange todos os investimentos e obrigações previstos nos contratos de concessão e garante a aplicação de soluções consensuais definitivas quanto à otimização de obrigações contratuais, incluindo obras e investimentos.

Além disso, o Programa Novo Carajás, lançado na última sexta-feira, impulsionará o crescimento do Pará com um novo ciclo de investimentos na mineração de minério de ferro de alta qualidade e minerais críticos no estado. O programa também abrange tecnologia, sustentabilidade, saúde e segurança, e manutenção de equipamentos e operações, e deverá contribuir significativamente para o PIB do Pará, na ordem de de R$ 80 bilhões a R$ 100 bilhões por ano. A produção futura do programa, nas bases atuais, permitirá um aumento de R$ 15 bilhões nas exportações do estado.

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