Uma das principais bases da cultura alimentar no mundo é, para a população paraense, um hábito cultural: o consumo de peixes. No Pará, o consumo sempre esteve acima da média nacional. Enquanto no Brasil se consomem 2,8 kg de pescado por habitante, no Pará o valor é de 11,1 kg/habitante, número 3,96 vezes maior que o nacional. E já que esta é a principal forma de consumo no Estado, a atividade pesqueira acompanha a tendência, tendo destaque nos mercados nacional e internacional.
Esses e outros levantamentos estão reunidos na nota técnica “Pesca paraense 2023”, desenvolvida e lançada pela Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa). O trabalho traça um panorama da conjuntura econômica da atividade pesqueira e aquícola do Pará, com vista a colaborar com o atual estágio de discussões a respeito do desenvolvimento desta atividade produtiva no Estado.
A pesquisa preenche parte da lacuna de dados sobre pesca, decorrentes da suspensão da divulgação de estudos relativos à produção pesqueira no país tanto pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), quanto pelo Ministério da Pesca. Os números nacionais e regionais sobre pesca extrativa não eram divulgados desde 2011. Esta ausência de pesquisa do setor extrativo pesqueiro acarreta na dificuldade quanto à tomada de decisões de políticas públicas no setor.
Por este motivo, a nota técnica reúne dados de produção da atividade aquicultura, único componente do pescado paraense informado oficialmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), além de outros indicadores associados à atividade pesqueira e aquícola, como população ocupada, investimentos, estabelecimentos e exportação.
No Pará, a aquicultura quase triplicou em dez anos. Em termos de produção, passou de 5,1 mil toneladas em 2013 para 14,2 mil toneladas em 2022, com destaque para o ano de 2014, quando a atividade aquícola paraense apresentou um expressivo aumento na produção, resultado que elevou substancialmente a participação do Estado na atividade pesqueira do país.
Dentre os municípios paraenses que cultivam pescado, Paragominas se destaca como o maior produtor. Em 2022, a aquicultura do município produziu 3,1 mil toneladas, o equivalente a 22,4% da produção estadual. A aquicultura de Paragominas também é a que gera mais receita para o Estado, com valor da produção de R$ 38,5 milhões em 2022, representando 20,8% do valor gerado na aquicultura estadual neste ano. O segundo e terceiro municípios com maior atividade aquícola foram Marabá (7,6%) e Tucuruí (5%). Ressalta-se que os dez municípios com maior produção na aquicultura paraense representaram 61,7% da produção estadual e, em relação ao ano 2014, que marca o início dos registros, quase todos apresentaram aumento na produção.