A culminância do projeto de Educação Ambiental da Escola Estadual Pinto Marques, localizada no bairro de Nazaré, em Belém, mobilizou alunos, professores e convidados nesta quinta-feira (9), com uma programação marcada por arte, cultura e sustentabilidade. A ação integra o componente curricular de Educação Ambiental, implementado pelo Governo do Pará na rede estadual de ensino desde 2024, por meio da Secretaria de Estado de Educação (Seduc).

Com foco na formação cidadã e no estímulo ao protagonismo juvenil, o evento contou com a apresentação teatral da lenda amazônica da Matinta Pereira, desfile temático com figurinos confeccionados a partir de materiais recicláveis, criação de biojoias e exposições artísticas que aliaram criatividade e consciência ambiental.

Moda, reciclagem e identidade amazônica

Um dos pontos altos da programação foi o desfile “Moda e Meio Ambiente”, que reuniu propostas autorais dos alunos, utilizando elementos como garrafas PET, sacolas plásticas, papel e tintas ecológicas. As roupas e acessórios representaram a diversidade da floresta, das águas e da cultura amazônica.

O estudante Hélido Oliveira, do 8º ano, integrou o grupo “Florescer” e desfilou com um traje inspirado na Vitória-Régia, símbolo da região. “Esse projeto mostra como podemos mudar nossa forma de pensar sobre o planeta e aprender a reutilizar o que temos. A educação ambiental na escola é muito importante, porque ajuda a entender os danos que nossos hábitos causam e como podemos melhorar como pessoas e cidadãos”, afirmou.

Já Ana Alice Teixeira, de 14 anos, aluna do 9º ano, destacou a influência do projeto em sua trajetória pessoal. “Foi muito bom participar, aprendi mais sobre a cultura indígena e sobre reutilização de materiais. Penso até em seguir carreira na área de moda, e esse projeto me inspirou muito”, contou.

O desfile foi avaliado por um corpo de jurados convidados, incluindo o cantor e compositor Jotta C, o ator e músico Vagner Mendes, a cantora Larissa Leite e a figurinista Jade Boulhosa, formada em Artes Cênicas e Indumentária pela UFRJ.

Biojoias e marcas criadas pelos alunos

Outro destaque da culminância foi a apresentação de biojoias desenvolvidas pelos estudantes, que também criaram nomes originais para suas marcas, como “Bio-Paraense”, “Onça Joias”, “Semente do Pará”, “Natural Joias” e “Medusa Marinha”.

A estudante Emanuelle Cristina Almeida, do 7º ano, explicou o processo criativo por trás do projeto “Biojoia Medusa Marinha”. “A gente cortou a garrafa em forma redonda e usou o isqueiro para fazer as bordas, que lembram uma água-viva. Foi muito divertido participar, a gente aprende e se distrai ao mesmo tempo. É legal ver que dá para fazer arte reaproveitando o que seria lixo”, relatou.

Construção coletiva e protagonismo estudantil

A professora de Artes Suelem Bastos, idealizadora e organizadora do desfile, ressaltou o envolvimento coletivo da comunidade escolar. “Todo ano trabalho com temas ligados à sustentabilidade. Este ano, partindo do desejo dos alunos, decidimos fazer um desfile. Discutimos o impacto da indústria da moda no meio ambiente e mostramos que é possível criar com consciência, reaproveitando materiais. Foi uma experiência transformadora”, destacou.

Educação ambiental como política pública

A culminância integra as ações da Política de Educação para o Meio Ambiente, Sustentabilidade e Clima, instituída em 2023 pelo Governo do Pará. Desde o primeiro semestre de 2024, a Educação Ambiental tornou-se componente curricular obrigatório em todas as etapas de ensino da rede estadual, com possibilidade de adesão pelas redes municipais.

O Pará é pioneiro no Brasil ao implementar a sustentabilidade como disciplina obrigatória, reforçando o compromisso com a formação de uma geração mais consciente e engajada na preservação ambiental e no enfrentamento às mudanças climáticas.