Na noite desta sexta-feira, 19 de setembro, oMemorial dos Povos foi palco do lançamento oficial da 49ª edição da Festa da Chiquita, uma das mais tradicionais celebrações que envolvem o Círio de Nazaré.O evento conta com o apoio da Prefeitura de Belém, por meio da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Semcult), e apresentou oficialmente o tema de 2025:
“Chiquita na COP30: Exclusão social – os riscos para a população LGBTQIAPN+ na Amazônia.”
A Festa da Chiquita é uma celebração profana, queacontece anualmente após a trasladação do Círio de Nazaré, na Praça da República, em Belém.Uma manifestação de resistência, fé e liberdade da comunidade LGBTQIAPN+ .
O tema deste ano conecta a celebração com a agenda climática da Conferência da ONU (COP30), que será realizada em Belém, em novembro. A intenção éevidenciar como as desigualdades sociais e ambientais afetam diretamente a população LGBTQIAPN+ na região amazônica— que muitas vezes é a primeira a sentir os impactos e a última a ser acolhida.
“Estamos abrindo as comemorações do Jubileu de Ouro da Chiquita. Este ano, além de lançar nosso novo mascote e logomarca, decidimos dialogar diretamente com a COP 30, trazendo umaprovocação importante sobre os impactos climáticos na vida da comunidade LGBTQIA+”,complementa Eloi Iglesias, artista e cofundador do evento.
Criada em 1978 pelo sociólogo carioca Luís Bandeira, a então “Filhas da Chiquita” nasceu como um bloco de Carnaval, ese consolidou como manifestação cultural, política e afetivasob a direção de Eloi Iglesias, um dos grandes nomes da cultura e da militância LGBTQIAPN+ na Amazônia.
“É uma festa para todas as pessoas.Não importa a classe social, a religião, a orientação sexual.É um convite ao encontro, à alegria e ao respeito. Nós temos direito à fé, à cultura, ao amor – e também ao espaço público”, reforça Eloi.
Com entrada gratuita, o lançamento oficial da Festa da Chiquita 2025 contou com uma programação diversa e vibrante.A noite teve roda de carimbó, desfile do “Garoto Chiquito”, concurso “Drag da Chiquita” e performances de símbolos da cena drag local.A ansiedade pela Festa já é compartilhada pelo público.
Já o casal Antonela Reis, 45, e Daniel Prestes, 46,frequenta o evento há mais de 20 anos e hoje também faz parte da produção.“É um orgulho imenso estar do outro lado, agora ajudando a construir essa festa que sempre nos acolheu. A Chiquita é história viva, é resistência e afeto”
Reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial brasileiro pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN),a Festa da Chiquita foi homenageada em 2025 com o 38º Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade, como uma dasexpressões culturais mais relevantes da Região Norte.
Essa conquista reafirma o valor histórico, artístico e social do evento, quehá 49 anos ocupa as ruas de Belém com cor, música e irreverência, sempre na véspera do Círio de Nazaré– fortalecendo o diálogo entre tradição religiosa e diversidade cultural.
Com o lançamento da 49ª edição, a Chiquita se prepara para comemorar meio século de existência, em 2026. E em 2025, será um dos destaques culturais da COP 30, prometendo dar ainda mais visibilidade à luta LGBTQIAPN+ na Amazônia.
A Festa da Chiquita 2025, às vésperas da COP 30, promete mais do que festa: será um manifesto coletivo por justiça social, ambiental e cultural.
“A gente faz luta com fervo. E é isso que a Chiquita representa”, finalizou Eloi.