Ao todo, mulheres quilombolas da Região Metropolitana de Belém (RMB) e de municípios do nordeste paraense foram convidadas pelo escritório em Belém da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Pará (Emater) e pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) para debater sobre as políticas públicas que o Governo do Pará desenvolve em templos de matriz afrodescendente, como candomblé, umbanda e tambor de mina, e em comunidades remanescentes de quilombos. O evento aconteceu na quarta-feira (10).
A roda-de-conversa “Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) para os Povos Tradicionais de Matrizes Africanas e Terreiros (Potma)", conduzida pelo engenheiro agrônomo da Emater Jader Moura, especialista em Gestão Pública e Agronegócio e mestre em Ciências Agrárias, fez parte da programação pedagógica do curso de Assistente Ambiental, do Senai. Participaram 14 alunas de Ananindeua, Moju e Ourém - todas praticantes religiosas.
“A atuação hoje da Emater em apoio aos Potma é um amplo leque de oportunidades que perpassam valorização e fortalecimento de tradições, combate a racismo, inclusão social, segurança alimentar e abertura de mercados sustentáveis”, resume Moura.
Um dos contextos inovadores promovidos interna e externamente pela Emater, desde 2022, é a Política de Direitos Difusos e Coletivos (PICD). A agricultora e tecnóloga em geoprocessamento Edinalva Cardoso, de 32 anos, umbandista, moradora da Comunidade do Abacatal, em Ananindeua, e frequentadora da Casa de Rosa Malandra, no mesmo município, afirmou que obteve novas informações no evento.
"A Emater apresentou muitas questões relevantes, como a obrigatoriedade de ajuste dos territórios, dos espaços, à legislação ambiental, e de como o car [cadastro ambiental rural] elaborado pela Emater ajuda nessa situação. Também pude entender com clareza o que é ‘prada’ [plano de recuperação de áreas degradadas e alteradas], estudo que a Emater também realiza”, disse a agricultora e tecnóloga.
Edinalva Cardoso planta açaí e mandioca e cria galinha-caipira. A vontade mais imediata é renovar os sistemas agroflorestais (safs) de castanha-do-pará, cupuaçu e uxi, entre outras espécies, e dobrar o número de animais, a fim de poder fornecer carne e ovo para o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).
Texto de Aline Miranda