O Bosque Rodrigues Alves foi o cenário de um fim de semana inesquecível.Em comemoração aos 142 anos de fundação, o espaço abriu suas portas gratuitamente ao público, atraindo mais de 6 mil visitantes neste domingo (30). Famílias inteiras, estudantes e turistas se encontraram em meio à natureza preservada para celebrar a vida, a história e a biodiversidade amazônica.
Com novos espaços revitalizados, o bosque reafirma seu papel como refúgio ecológico e centro de educação ambiental, e vive agora uma de suas fases mais importantes: a valorização da fauna amazônica e da consciência ambiental.
A capivara chamada “Cap30”, nova moradora do Bosque, foi uma das protagonistas do fim de semana. Ela chegou por meio de uma doação voluntária feita por uma família de Cametá, cidade do nordeste paraense, que a criou por cerca de um ano, até perceber que o animal precisava de um ambiente mais adequado ao seu porte e comportamento.
“A família começou a perceber que ela não se adequava mais ao ambiente doméstico. Ela crescia muito e precisava de espaço. Com consciência ambiental, eles entraram em contato com o Batalhão de Polícia Ambiental, que é nosso parceiro, e nos procuraram. Por coincidência feliz, tínhamos um recinto desocupado. Reformamos tudo e hoje ela vive aqui, feliz da vida no seu laguinho, com sua caminha e comendo capim”, contou a médica veterinária Elen Eguchi, diretora do GAIA e responsável técnica pelo Bosque.
Cap30 agora encanta os visitantes com sua calma e simpatia. Seu novo lar representa o compromisso do Bosque com o bem-estar animal e a educação ambiental, mostrando ao público como atitudes responsáveis podem transformar vidas — inclusive as dos animais.
Entre as novidades mais esperadas está o novo herpetário, construído no local onde funcionava um antigo aquário desativado há mais de 20 anos.O espaço está sendo entregue parcialmente ao público e, em breve, permitirá visitação interna completa.
A proposta é aproximar os visitantes de animais que raramente são vistos de perto, comoserpentes, quelônios, anfíbios e lagartos, todos resgatados de situações de risco. O herpetário reforça a importância do contato com a fauna amazônica para gerar pertencimento e responsabilidade ambiental.
“Já passou da hora de vivermos separados da natureza. Quando a gente se aproxima, entende a importância da conservação. É fácil dizer que é um problema do governo ou da prefeitura, mas todos somos responsáveis. Quando você olha nos olhos de um animal resgatado, sente isso. E eu tenho orgulho de morar e conservar a Amazônia”, afirmou Elen Eguchi.
O fim de semana também contou com a realização do projeto VET Kids, organizado por estudantes de medicina veterinária da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA). A iniciativa utilizou atividades lúdicas e educativas para ensinar as crianças sobre o bem-estar animal, o papel dos veterinários na sociedade, os cuidados com os bichos e a prevenção de doenças como a raiva.
Com simulações criativas — como cirurgias em animais de brinquedo e ordenha simulada — as crianças aprenderam, brincando, sobre a relação entre o ser humano, os animais e o meio ambiente.
Outro destaque foi a exposição de sementes amazônicas, fruto de uma parceria com o Laboratório de Sementes da UFRA. A mostra trouxe ao público espécies nativas, florestais e agronômicas, como a maçaranduba, a andiroba, o mogno e a castanha-do-pará, muitas delas ameaçadas de extinção.
O público pôde aprender sobre a importância da conservação, o processo de dispersão das sementes, e o papel dessas espécies na preservação da floresta. Uma oficina especial também permitiu que as crianças manuseassem e colassem sementes em moldes educativos, tornando a aprendizagem ainda mais significativa.
Entre os muitos rostos sorridentes no bosque, estavam os do engenheiro eletricista José Roberto, sua esposa Camila Borges, 29 anos, e o pequeno Abelardo Estêvão, de apenas 7 meses. Em sua primeira visita ao Bosque, a família se emocionou ao viver esse momento juntos:
“Queríamos um lugar especial para um passeio em família, e o Bosque foi perfeito. Ver os olhinhos do Abelardo brilhando ao descobrir um mundo novo, cheio de sons e cores… é uma memória que vamos guardar para sempre”, compartilhou José Roberto.
O casal Edson Costa, 35, e Nayane Penha trouxe o pequeno Samuel, de 2 anos, para conhecer o espaço: ‘Queremos que ele cresça em contato com a natureza desde cedo. Com tanta tecnologia e distração, é essencial que ele saiba o valor do que é real. Aqui ele respira o verde, escuta os bichos, sinta o chão… Isso é infância de verdade”, afirmou Edson.
Já a família de Cleison e Elisa Miranda trouxe a filha Eleine, 20 anos, a sobrinha Eva, 8, e os netos Enzo, 3, e Enrico, 4, para aproveitar a programação especial:
“Trazer as crianças aqui é mais que um passeio. É dar a elas uma experiência que ensina, que marca. Os meninos ficaram encantados com os animais e adoraram as atividades. Aqui eles aprendem a amar e a respeitar a natureza, coisa que não se aprende com celular na mão”, disse Cleison.
O Bosque continua aberto para novas descobertas
OBosque Rodrigues Alves funciona de quinta a domingo, das 8h às 16h, e permanece fechado às segundas para manutenção e cuidado com os animais. Aentrada custa R$ 2,00, com gratuidade para crianças de até 6 anos, idosos e pessoas com deficiência.Crianças de 7 a 12 anos pagam meia. E no último fim de semana de cada mês, a entrada é gratuita para todos.