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Projetos da Uepa mudam a vida de pacientes com Doença de Parkinson

Atividades desenvolvidas buscam melhorar a qualidade de vida dos pacientes

Redação
Por: Redação Fonte: Secom Pará
26/08/2025 às 16h22
Projetos da Uepa mudam a vida de pacientes com Doença de Parkinson
Foto: Marcelo Rodrigues

“Quem canta seus males espanta”… E quem dança, também. Pelo menos é assim que pensa o professor Carlos Guzzo Júnior, coordenador do projeto Flui Parkinson, no qual ele, junto com mais oito alunos do curso de graduação em Educação Física da Universidade do Estado do Pará (Uepa), envolve uma turma de dez pacientes, na faixa etária entre 50 e 80 anos, diagnosticados com a Doença de Parkinson, em atividades de dança — principalmente danças amazônicas — com o objetivo de gerenciar sintomas da doença, como rigidez muscular e lentidão de movimentos, para melhorar a qualidade de vida dessas pessoas.

O projeto foi criado para analisar e avaliar a influência da prática corporal da dança nos sintomas — tanto motores como não motores —, com ênfase na cognição da pessoa com a Doença de Parkinson. “Essa pesquisa nasce da minha tese de doutorado, quando desenvolvi um protocolo específico de danças amazônicas, uma vez que a dança já é reconhecida como um fator que acarreta melhorias, por ser uma prática multimodal. Ou seja, por trabalhar vários estímulos, como o auditivo, sinestésico, tátil etc., ela possui a capacidade de influenciar positivamente os sintomas da doença”, detalha o professor Carlos.

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Uma das pacientes-dançarinas do Flui Parkinson é Benedita Couto Paes, de 80 anos, que foi diagnosticada com Parkinson há 13 anos. Mãe de cinco filhos homens, dona Benedita se desloca com o apoio de uma bengala e com auxílio do filho Urbiracy Paes, um dos gêmeos caçulas. É ele quem acompanha a mãe em todas as atividades voltadas à busca por qualidade de vida, apesar da doença. Sobre os sintomas, ele conta que o mais evidente é o tremor. Também observa que “às vezes ela fica agressiva”, mas ressalta que a memória é muito boa e o raciocínio é rápido: “ela faz conta de cabeça!”, alegra-se.

Bem-humorada ao conceder entrevista, quando questionada se aceitava dar seu depoimento, respondeu prontamente: “sim, é importante a gente ajudar”. E ajudar fez parte do universo profissional de toda a sua vida como auxiliar administrativa no Pronto Socorro Municipal de Belém, onde trabalhou. Depois do diagnóstico, ela já participou de vários tipos de atividade física, mas estava parada havia seis meses e se animou com a possibilidade de integrar o processo de dança, de forma gratuita, e ainda contribuir para o desenvolvimento de observações e estudos.

Já no caso do senhor Antônio Sérgio Gonçalves, de 66 anos e diagnosticado há três anos, além da condição motora afetada, ele sofre com a agitação noturna que não o deixa dormir. Maria de Lourdes Garcia, casada com ele há 35 anos, conta que o marido era “um pé de valsa”, que sempre gostou de dançar e jogava futebol todos os finais de semana. Natural do município de São Caetano de Odivelas, no nordeste paraense, Antônio Sérgio trabalhava com a produção de grades e tinha uma oficina muito procurada, até que precisou se afastar das atividades laborais por causa da doença.

“É preciso ter força, é preciso ter raça, é preciso ter gana sempre”
O Parkinson é uma condição neurológica degenerativa que afeta principalmente o controle dos movimentos do corpo. Ela é caracterizada por tremores, rigidez muscular, lentidão nos movimentos (bradicinesia) e problemas de equilíbrio. A doença progride lentamente e, embora não tenha cura, existem tratamentos para lidar com os sintomas e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.

E, no caso desses pacientes, também é preciso ter força. É por isso que o professor Erik Artur Cortinhas Alves, doutor em Biologia Molecular, desenvolve, desde 2017, o projeto Exercício Físico Resistido para Pessoas com Doença de Parkinson, com foco no exercício resistido, geralmente associado à musculação.

O professor Erik Alves, vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Reabilitação e Desempenho, explica que “todos nós precisamos de força para tudo. O exercício físico é um desafio à nossa fisiologia”. Ele chama atenção para o fato de que o paciente com Doença de Parkinson se torna sedentário não por escolha, mas em razão dos sintomas que o levam ao sedentarismo. E, ao ficarem sedentários, esses pacientes perdem várias capacidades físicas, inclusive a força. Por isso, o objetivo do projeto é contribuir com a qualidade de vida dos participantes, favorecendo que tenham força para desenvolver atividades do dia a dia.

Atualmente, o projeto está na fase de captação de novos voluntários que tenham laudo com diagnóstico de doença de Parkinson e estejam fazendo uso das medicações receitadas. Os interessados em participar dessas atividades de musculação devem ter disponibilidade às terças e quintas-feiras, a partir das 8h.

Outro projeto nessa mesma linha, que também está na fase de inscrição de voluntários, é o NeuroForça, voltado para pessoas com Parkinson e coordenado pelo professor Alexandre Maia, do curso de graduação em Educação Física da Uepa. “A nossa investigação, parte dela vem das melhorias nas capacidades cognitivas: memória espacial, de aprendizagem, recente e tardia. A gente utiliza alguns testes para avaliar isso e faz correlações com os ganhos funcionais de força, resistência e flexibilidade, obtidos também durante o programa”, relata o professor Alexandre.

As atividades do projeto NeuroForça ocorrem às terças e quintas-feiras, no Laboratório de Resistência de Saúde (Leres), no horário das 15h às 17h. As inscrições podem ser feitas diretamente no laboratório, situado no Campus III da Uepa, ou entrando em contato com o professor.

Serviços:
Projeto Exercício Físico Resistido para Pessoas com Doença de Parkinson
Contato: (91) 99330-1981 (falar com prof. Erik Alves)
Dias de atividades: terças e quintas-feiras
Horário: a partir das 8h
Local: Uepa Campus III – Escola de Educação
Endereço: Av. João Paulo II, 817 – Marco, Belém – PA, 66095-490

Projeto NeuroForça
Contato: (91) 99381-0304 (falar com prof. Alexandre Maia)
Dias de atividades: terças e quintas-feiras
Horário: 15h às 17h
Local: Uepa Campus III – Escola de Educação

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