“Elas foram super educadas, me atenderam super bem, maravilhosamente. Não tenho o que reclamar, eu não me senti constrangida por nada. Fiquei à vontade como se eu tivesse conhecido elas há tempos”. Essa foi a declaração de Adelaide Miranda, de 32 anos, após realizar aimplantação do Dispositivo Intrauterino (DIU) na Unidade Básica de Saúde da Providência,em Belém.
Adelaidefoi a primeira paciente a receber o implante na UBS, que iniciou esse tipo de atendimento no último dia 18 de agosto. Mãe de dois filhos, ela buscava um método contraceptivo que não causasse os efeitos colaterais que a pílula anticoncepcional estava lhe provocando.
Além da Providência, a aplicação do DIU é feita nas Unidades Básicas Municipais da Marambaia e do Combu.
O protocolo é o mesmo em todas as UBSs: a paciente pode ser encaminhada pela unidade do bairro onde mora, mas também pode se dirigir espontaneamente a uma das unidades que realizam o procedimento. Ela faz uma consulta inicial, na qual a equipe faz uma entrevista para conhecer o seu histórico e explica como é o procedimento. Em seguida, são solicitados exames, caso a mulher ainda não tenha realizado, e posteriormente é agendada a data da aplicação.
“Antes do dia da aplicação, foi feita uma consulta em que explicam como é que é feito, tudo que pode acontecer. Ela me explicou tudo. Hoje a doutora explicou antes e durante o procedimento. É muito bom porque tem muita gente que não pode pagar particular e, tendo no SUS (Sistema Único de Saúde) é maravilhoso”, afirmou Adelaide Miranda.
De acordo com o Ministério da Saúde,o DIU é um método contraceptivo de alta efetividade(acima de 99%, índice maior ao da pílula anticoncepcional). Ele pode ser inserido em qualquer momento da vida reprodutiva, inclusive em mulheres que não tiveram filhos, desde que esteja descartada a possibilidade de gravidez.
Ainda segundo o Ministério da Saúde, a suaprincipal vantagem é ter duração de até 10 anos. Além disso, não é considerado abortivo e não provoca doença inflamatória pélvica e nem infertilidade, epode ser removido a qualquer momento pelo profissional de saúde, quando a mulher assim o desejar. E o acompanhamento é garantido.
Crislayne Cristo, de 24 anos, foi à UBS da Marambaia para avaliar a possível retirada do DIU que havia aplicado há 5 meses. Por ter uma bebê pequena de um ano e por ser jovem, ela buscou esse método contraceptivo e lembra que desde o início a equipe médica da unidade esclareceu todas as informações sobre o dispositivo.
“Eu achei o atendimento aqui muito bom, desde o começo eles ajudam a gente, explicam tudo direitinho”, comenta a jovem. Ela estava ali porque acredita que teve uma complicação em virtude da cesária que fez, e ia verificar com a equipe médica a necessidade da retirada do dispositivo.
O SUS oferece a aplicação do dispositivo de forma gratuita no Brasil desde 2017. Em Belém, a primeira unidade municipal a realizar o procedimento foi a UBS da Marambaia, em 2020. Nessa unidade, de janeiro até 18 de agosto foram atendidas 67 mulheres para o procedimento, das quais 56 fizeram inserção do DIU e 11 a retirada. “Elas quiseram retirar porque quiseram engravidar, outras porque conseguiram a laqueadura, poucos foram os casos das que não se adaptaram”, explica a enfermeira Patrícia Lima, que faz parte da equipe responsável.
Patrícia conta que na consulta de triagem é comum as pacientes perguntarem qual o melhor método contraceptivo. “A gente explica que a melhor é aquela com a qual ela melhor vai se adaptar.O DIU é um método duradouro. Isso dá uma segurança maior.A gente sabe que nenhum método é 100%, mas ele já dá mais uma segurança. Então o fato de oferecer essa possibilidade pelo SUS aumenta a chance de escolha para a mulher”, comenta a enfermeira.
Para a médica Fernanda Lopes, clínica geral que realiza o procedimento na UBS da Providência, é gratificante poder oferecer esse serviço pelo SUS de forma gratuita. “Ficamos felizes por conseguir proporcionar esse benefício, das mulheres poderem ter o direito de escolher quando engravidar. Isso é fundamental”, afirma a médica.
Para ter acesso ao dispositivo, a mulher precisa se dirigir a uma das unidades que realizam o procedimento (UBS Marambaia, Combu ou Providência). Ela pode ir referenciada pela unidade de saúde do seu bairro, encaminhada por um médico ou enfermeiro, mas pode também espontaneamente buscar o serviço, pois as unidades são porta aberta para a aplicação do DIU.
Dias e horários:
Documentação necessária para a abertura do prontuário:
No caso da UBS do Combu, os Agentes Comunitários de Saúde (ACSs) realizam busca ativa com as mulheres ribeirinhas e agendam a aplicação.
Já as mulheres que residem na parte continental de Belém precisam ser referenciadas por outra unidade de saúde e levar a documentação mais a USG Transvaginal. Caso não tenham sido encaminhadas, é realizado um acolhimento e uma avaliação médica da paciente.
Adolescentes também podem usar o DIU, desde que já tenham vida sexual ativa. Mas para realizar o procedimento, precisam estar acompanhadas de um responsável.