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Sespa enfatiza importância do teste do pezinho entre o 3º e 5º dia de vida do bebê

Além disso, os serviços de saúde precisam conversar mais com os usuários do SUS sobre sinais e sintomas das doenças que são detectadas na triagem n...

Redação
Por: Redação Fonte: Secom Pará
05/07/2025 às 20h33
Sespa enfatiza importância do teste do pezinho entre o 3º e 5º dia de vida do bebê
Foto: Divulgação

As gotas de sangue devem preencher completamente cada um dos cinco círculos do papel filtro

A Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) continua envidando esforços para que a coleta de sangue dos recém-nascidos para a Triagem Neonatal (teste do pezinho) seja realizada entre o 3º e o 5º dia após o nascimento, período preconizado pela legislação vigente. Pois esse é o primeiro passo para garantir às crianças o diagnóstico precoce das sete doenças previstas na primeira etapa do Programa Nacional de Triagem Neonatal (PNTN).

Esse foi um dos pontos principais abordados na Capacitação em Triagem Neonatal, realizada pela Coordenação Estadual de Saúde da Criança (Cesac), do dia 2 até sexta-feira (04), em parceria com o Laboratório Central do Estado, que é o Laboratório de Referência em Vigilância em Saúde na Amazônia.

O evento teve como participantes, enfermeiros das Unidades Básicas de Saúde do município de Belém, que atuam na coleta das amostras de sangue dos recém-nascidos.

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A coordenadora do Serviço de Triagem Neonatal do Lacen-PA, Rosilena Mesquita, disse que essas capacitações acontecem anualmente, em parceria com a Cesac, em todos os municípios paraenses que dispõem de posto de coleta de triagem neonatal e enviam amostras para análise no Lacen-PA. “O objetivo principal é qualificar e atualizar os profissionais sobre a nova legislação do PNTN e todos os aspectos que envolvem o processo desde a coleta até a entrega do resultado para a família”.

Rosilena Mesquita ressaltou que a nova legislação ampliou o rol de doenças rastreadas pelo teste do pezinho, que agora funciona de forma escalonada em cinco etapas, lembrando que com a inclusão da análise de toxoplasmose congênita, em dezembro de 2023, o Pará passou a cumprir totalmente a primeira etapa do PNTN. “Portanto, caberá a esses profissionais de enfermagem repassar as informações aos técnicos que fazem a coleta e ser suporte desses técnicos, não só na coleta mas na busca do resultado e a orientação dos pais sobre a importância da triagem neonatal”.

A capacitação contou com a presença de 35 enfermeiros das Unidades de Saúde de Belém

Atualmente, o Pará realiza a triagem neonatal das seguintes doenças congênitas: fenilcetonúria e outras hiperfenilalaninemias, hipotireoidismo congênito, doença falciforme e outras hemoglobinopatias, fibrose cística, hiperplasia adrenal congênita, deficiência de biotinidase e toxoplasmose congênita.

Dificuldades -Sobre o funcionamento no PNTN no Pará, uma das preocupações é a coleta tardia das amostras de sangue dos recém-nascidos nos postos de saúde e envio para a análise no Laboratório Central.

“Temos um problema sério de tempo de chegada das amostras, o que não deveria existir, já que a finalidade da triagem é o diagnóstico e tratamento precoce de doenças congênitas. O tempo, desde que essa mostra é coletada até ela chegar ao laboratório, é crucial”, disse Rosilena Mesquita.

Além disso, o Lacen-PA também tem registrado problemas na qualidade das amostras que chegam para análise. “Você já tem um diagnóstico que precisa ser rápido e se tem uma amostra inadequada, esse tempo já vai ser mais demorado e prejudicial para a criança. Então, a qualidade das amostras, realmente, é um ponto crítico e de fragilidade do serviço nos municípios.

Ela explicou que no papel filtro, devem ser coletadas cinco amostras de sangue, para a análise das setes doenças congênitas. “Os cinco círculos do papel filtro tem que ser preenchidos com sangue de forma uniforme e homogênea. O sangue precisa ser absorvido pelo papel filtro, que é de fibra de algodão. Então, a qualidade dessa gota tem que ser precisa”, afirmou.

Dados -De acordo com o Relatório Anual de Dados do PNTN, no ano de 2024, 94.244 crianças realizaram a triagem neonatal no Pará, das quais apenas 31.152 (33%) realizaram o exame entre o 3º e o 5º dia após o nascimento. 27% realizaram o exame entre o 6º e o 8º dia, 21% entre o 9º e o 14º dia de vida, 13% entre 15 e 30 dias e 1% acima de 30 dias do nascimento. Daí a importância de maior divulgação sobre o tempo ideal de coleta e sobre as doenças que podem ser detectadas precocemente com o exame.

Papel da Atenção Primária –A enfermeira Nayara Matias, Referência para a Área de Mortalidade Materna e Infantil da Fiocruz, uma das ministrantes da capacitação, enfatizou que os profissionais da Atenção Primária (APS) precisam conversar com as famílias não apenas sobre a importância da triagem neonatal, mas também mostrar de forma detalhada a gravidade das doenças congênitas que podem ser diagnosticadas precocemente e, dessa forma, proporcionar melhor qualidade de vida para as crianças.

Uma das sugestões da especialista é que a Atenção Primária faça busca ativa nas comunidades. “A busca ativa é muito importante, principalmente para fazer a coleta do terceiro ao quinto dia de vida e assegurar a cobertura de 70% dos recém-nascidos nesse período conforme preconiza o Ministério da Saúde”, disse Nayara Matias.

Uma sugestão da enfermeira é que a unidade de saúde monitore as gestantes, para saber o período em que vai ocorrer o parto e ir atrás delas para garantir o exame. “Precisamos fazer entre o terceiro e o quinto dia de vida, seja com coleta na unidade de saúde ou no domicílio”, afirmou.

Considerando os diversos desafios que as famílias enfrentam atualmente, para Nayara Matias, está na hora de a APS resgatar a atenção domiciliar, ou seja, levar os serviços de saúde até a casa do usuário do SUS. “A população tem muita dificuldade para chegar à unidade de saúde, seja de acesso, de transporte público, questão geográfica como morar em ilhas. Então, tendo o profissional levando serviço até lá e fazendo a buscar ativa, eu acredito que a gente melhora a nossa cobertura”, opinou.

De acordo com a ministrante, as unidades de saúde têm condições de conhecer toda a população da sua área de abrangência, de levar serviços e informações fundamentais para as famílias. “A triagem neonatal precisa fortalecer as ações de Educação e Saúde, levando informações sobre que doenças estou fazendo exame, quais os sinais e sintomas, e quais as complicações. Pois, estamos falando de doenças genéticas que têm comprometimentos graves, inclusive deficiência intelectual. É preciso levar a informação e sensibilizar a comunidade. Eu acredito muito no poder da informação. Quando eu dou o poder da informação, a própria família vai em busca desse serviço”, argumentou.

Hoje, as famílias sabem que precisam fazer o teste do pezinho, mas muitas vezes não têm a informação correta. “Às vezes, elas têm informação de que é até o sétimo dias de vida, outras até 30 dias de vida. E não sabem por que têm que fazer. Precisamos dizer que serve para detectar precocemente as doenças, que apesar de não terem cura, têm controle, possibilitando uma qualidade de vida para a criança”, relatou Nayara Matias.

Ela acredita que quando é dada a informação, o usuário vai fazendo o serviço de formiguinha, passando para outras pessoas. “E assim, vamos tendo uma adesão maior do próprio serviço”, concluiu.

Tratamento -A Sespa ressalta que todas as crianças com diagnóstico confirmado são acompanhadas pelo Serviço de Referência em Triagem Neonatal (SRTN), na Unidade de Referência Especializada Materno-Infantil e Adolescente (Uremia), onde recebem acompanhamento multidisciplinar para prevenir complicações e sequelas relacionadas às doenças identificadas.

Atualmente, estão recebendo acompanhamento regular no SRTN: 50 pacientes com fenilcetonúria, 563 com hipotiroidismo congênito, 99 com doença falciforme, 04 com fibrose cística, 42 com hiperplasia adrenal congênita, 05 com deficiência de biotinidase, e 55 com toxoplasmose.

Saiba mais sobre as doenças detectadas na triagem neonatal:

- Hipotireoidismo Congênito: Uma doença hereditária que impede a glândula tireoide de produzir o hormônio tireoidiano T4, essencial para o crescimento e desenvolvimento físico e mental das crianças.

- Fenilcetonúria : Doença em que o organismo não consegue processar adequadamente o aminoácido fenilalanina, levando a deficiência intelectual e outros problemas graves se não tratada.

- Doença Falciforme: Alteração dos glóbulos vermelhos que causa anemia e pode levar a complicações graves devido à forma anormal das células.

- Fibrose Cística: Caracteriza-se pelo acúmulo de secreções densas nos pulmões e no trato digestivo, afetando a respiração e a digestão.

- Hiperplasia Adrenal Congênita: Refere-se a várias doenças genéticas causadas pela deficiência de enzimas na síntese dos hormônios adrenais, impactando o crescimento e desenvolvimento normal.

- Deficiência de Biotinidase: Doença rara que impede a absorção e regeneração da biotina, uma vitamina essencial para o metabolismo.

- Toxoplasmose Congênita: Infecção transmitida da mãe para o feto, causando lesões no sistema nervoso central e na retina.

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