O Hospital Público Estadual Galileu (HPEG), na Grande Belém, implantou o Projeto Hospitrack, sistema de rastreamento eletrônico de compras hospitalares que promete transformar a forma como insumos, medicamentos e materiais chegam até os pacientes.
A iniciativa busca resolver um dos maiores gargalos da rotina hospitalar: o controle fragmentado das aquisições, que muitas vezes resulta em atrasos, desperdícios e impacto direto na assistência.
Referência do Governo do Pará em tratamento ortopédico, o Galileu também se destaca em inovação e gestão estratégica. Segundo estimativas, o Hospitrack deve reduzir em até 70% as consultas telefônicas e por e-mail ao setor de compras, elevar o cumprimento de prazos para acima de 95% e aumentar a satisfação dos solicitantes.
“Menos tempo perdido com burocracias significa mais eficiência e mais qualidade na assistência prestada à população”, ressalta Simão Pessoa, gerente de suprimentos do HPEG.
Para Simão, também autor do projeto, o sistema é uma resposta ao problema comum a muitos hospitais. “Os solicitantes não sabem se seus pedidos avançaram, o setor de compras se sobrecarrega com perguntas repetitivas e, muitas vezes, os prazos acabam se perdendo no meio do caminho.”
Ainda conforme o gerente, o Hospitrack oferece visibilidade total do processo, com status padronizados, prazos em tempo real e histórico de cada movimentação. Outro diferencial é a comunicação automática: “Sempre que o status é atualizado, um e-mail é disparado para o solicitante e para o comprador responsável, eliminando a necessidade de ligações ou mensagens”, detalhou.
Olhar da Farmácia
A farmácia dentro de um hospital é o setor responsável por atividades fundamentais relacionadas com qualidade nos tratamentos de saúde. Quando falta um insumo ou medicamento, o impacto chega diretamente ao paciente. Pode significar atraso no tratamento, maior risco de infecção e até o cancelamento de procedimentos”, destacou a farmacêutica Ana Paula Silva.
Segundo Paula, a gestão de compras é decisiva para o funcionamento de um hospital. “Um estoque adequado garante que o material esteja disponível na hora certa, evita improvisos e dá mais segurança para médicos e equipes assistenciais.”
A farmacêutica ressalta ainda que a questão não se limita ao cuidado clínico. “Uma aquisição eficiente ajuda a controlar custos, reduzir desperdícios e otimizar recursos que são sempre limitados no setor público.”
Ana Paula também chama atenção para a relação entre qualidade e segurança. “Itens de procedência rastreável, dentro da validade e de boa qualidade reduzem o risco de falhas terapêuticas e de infecções hospitalares.”
Outro ponto é o efeito sobre os profissionais. “Quando o hospital não dispõe do que é necessário, a equipe precisa improvisar, priorizar casos e trabalhar sob estresse. Isso gera sobrecarga e aumenta o risco de burnout”, disse.
Estratégia
O diretor executivo do HPEG, Cledes Silva, avalia o projeto como estratégico. “O Hospitrack mostra como a tecnologia pode transformar a gestão hospitalar. Mais do que controlar compras, ele garante eficiência, transparência e segurança no cuidado ao paciente.”
Gerenciado pelo Instituto de Saúde Social e Ambiental da Amazônia (ISSAA), o HPEG mantém 104 leitos de internação e é referência estadual em traumas ortopédicos, além de oferecer atendimentos em especialidades como urologia, cardiologia, cirurgia reconstrutiva, clínica médica, ultrassonografia, endoscopia, psicologia e fisioterapia.
Texto de Roberta Paraense