Técnicos da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap) visitaram, na manhã desta sexta-feira (4), a unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Amazônia Oriental), no município de Salvaterra, no Arquipélago do Marajó. A finalidade foi conhecer o trabalho desenvolvido pelo órgão federal e alinhar futura parceria para garantir acesso aos serviços da instituição na unidade marajoara, a fim de gerar benefícios ao pequeno produtor da região.
O Campo Experimental “Emerson Salimos” (Cemes), instalado na localidade Paraíso, às margens do Rio Paracauari, é um centro de pesquisa e desenvolvimento de tecnologias e práticas sustentáveis para o Marajó, com ênfase na produção pecuária, especialmente bubalina, e conservação de recursos naturais.
Durante a visita, a equipe da Sedap – que estava no Marajó desde o início da semana acompanhando a 4ª edição do Torneio Leiteiro de Cachoeira do Arari e o 10º Torneio Marajó Búfalos, e se reunindo com agricultores e criadores de búfalos – contou com o apoio do coordenador do campo experimental, Marivaldo Rodrigues Figueiró, médico veterinário e analista da Embrapa.
Pela Sedap, participaram os médicos veterinários Anelise Ramos e Augusto Peralta, técnicos lotados na Coordenadoria de Produção Animal (Copan). A equipe conheceu a estrutura e o trabalho desenvolvido no local. O campo da Embrapa, informou Marivaldo Figueiró, tem 2.300 hectares, e fica a 16 quilômetros da sede municipal de Salvaterra. A área não está sendo totalmente utilizada, disse ele, pois a finalidade é concentrar as atividades em áreas menores, mas que possam ser modelos de produção elevada.
A equipe esteve em um antigo estábulo, onde era feito trabalho apenas com gado de corte. Futuramente, acrescentou Augusto Peralta, o espaço deverá ser reativado, fruto da parceria que está sendo firmada entre a Sedap e a Embrapa, para o desenvolvimento da cadeia bubalina leiteira. “Nada mais justo do que uma tecnologia ministrada pela Embrapa servir de porteira aberta para eles. O Estado vê com bons olhos esse tipo de fornecimento de tecnologia. Facilidades que venham trazer ao pequeno produtor meios e mecanismos para que ele tenha seu sustento”, ressaltou.
A parceria com a Sedap e outras instituições, observou Marivaldo Figueiró, atende à necessidade da melhoria do sistema de produção de bubalinos no Marajó, principalmente para a produção leiteira. “O intuito, juntamente com os parceiros, é alavancar essa produção, para que tenha uma maior produção, com mais qualidade e, consequentemente, a gente consiga ter o desenvolvimento da região através da bubalinocultura”, informou.
Todas as tecnologias geradas para a área, disse Marivaldo Figueiró, deverão ser ofertadas aos sistemas de produção de bubalinos, por meio da capacitação de produtores. A finalidade é ampliar esses benefícios aos moradores das 16 áreas quilombolas da localidade.
Curso- O coordenador da Embrapa apresentou à equipe da Sedap o espaço onde foi realizado um curso para produtores, cujo capim foi plantado pelos próprios agricultores. A finalidade foi orientar a produzir a silagem - conservação do alimento para o período de maior escassez.
“Isso vai gerar resultados satisfatórios, e os produtores que participaram aqui desse trabalho levaram mudas para suas propriedades, e estão replicando essa tecnologia, e com certeza terão bons resultados. O curso foi realizado em dois módulos: primeiro plantaram e aprenderam a manejar o capim-açu, e depois fizeram a produção, com a participação de 23 produtores”, acrescentou o coordenador.
Modelo- O conhecimento já está sendo posto em prática pelo proprietário do Sítio Taperebá, Joelson Fernandes, criador de búfalo da raça Murrah, de produção leiteira. Dono de 50 animais, o pequeno pecuarista tem 20 matrizes, um reprodutor e bezerros nascidos há dois anos. A propriedade tem 139 hectares, sendo 50 hectares de mata com preservação ambiental, localizada no KM-40 da via de acesso a Camará, em Salvaterra.
A principal atividade desenvolvida no sítio é a bubalinocultura leiteira. A produção é de 900 a mil litros de leite por mês, e fornece o produto para empreendedores, principalmente pontos de venda em Camará, além de abastecer um dos laticínios de Soure. Durante dois dias, Joelson Fernandes participou de um curso realizado na unidade experimental da Embrapa, que fornece assistência ao produtor, em dois hectares, orientação sobre a produção e uso do capim - das espécies mombaça e curumim. Além da Embrapa, o Sistema Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) supervisiona a assistência.
“A gente está fomentando um escape para a seca, e estamos nos mobilizando para ter comida para os nossos animais no verão. Estamos no empenho de fazer a silagem, à qual tivemos o suporte técnico. Fizemos o silo no saco, com uma parceria também dos sindicatos de Salvaterra e Cachoeira do Arari, por meio do presidente da Associação dos Criadores de Búfalo do Pará, João Rocha, que é proprietário da Fazenda Paraíso”, disse o produtor, que aprendeu como produzir e estocar capim para garantir a alimentação dos animais.
Ainda segundo Joelson Fernandes, “ficamos satisfeitos do governo do Estado ter lembrado do pequeno criador, e mandar até nós esse saber por meio da Sedap. Estamos sendo assistidos pelos três governos: estadual, federal e municipal”.
Produção– A veterinária Anelise Ramos disse que o produtor já recebeu anteriormente o acompanhamento técnico da Secretaria, e foi orientado com relação a investimentos em nutrição e forragem dos animais, em pastejo e em IATF (Inseminação Artificial em Tempo Fixo), com a finalidade de fazer os animais produzirem mais leite.
“Constatamos, nessa nova vinda à propriedade dele, que investiu em melhores animais, em piquetes, que são áreas separadas para animais, e a partir dos incentivos do Estado vai fazer com que essa produção só aumente”, completou.