As sextas-feiras de julho ganharam um novo significado para os pacientes da Clínica Médica do Hospital de Clínicas Gaspar Vianna (HC), em Belém. Inspirados pelo clima cultural das férias de verão típico dos paraenses, os profissionais do setor lançaram os “Jogos de Verão da Clínica Médica”, com atividades recreativas que promovem bem-estar, socialização e cuidado integral aos usuários.

A proposta surgiu a partir da observação das longas internações de pacientes que, muitas vezes, enfrentam múltiplas comorbidades e, por isso, permanecem por semanas, ou até meses hospitalizados. Para minimizar os impactos emocionais da hospitalização, a equipe multidisciplinar decidiu trazer o clima de julho para dentro da unidade.

“A ideia foi trazer um pouco do mundo de fora para dentro do hospital, recriando esse ambiente de verão, que é tão simbólico para quem vive em Belém. Em julho, muitos estão nas praias, nas festas, e nossos pacientes sentem esse contraste. Então, decidimos oferecer momentos de lazer, interação e leveza”, explica a psicóloga da Clínica Médica Tereza Cristina Rocha.

A programação inclui jogos como bingo, dominó e baralho, além de música e dança. Os pacientes são incentivados a participar em grupo, criando laços com outros usuários e com os profissionais do setor. Ao final de cada atividade, os vencedores são premiados.

“Eles interagem, se divertem, se reconhecem no outro. Muitos estão há muito tempo sem sair do leito, e isso proporciona uma mudança significativa na rotina”, completa Tereza.

Bem-estar emocional e socialização —A ação também tem como base as práticas terapêuticas da terapia ocupacional, que valoriza os efeitos positivos de atividades em grupo para quem está em tratamento de longa duração. A terapeuta ocupacional Rainá Furtado destaca que as dinâmicas promovem ganhos emocionais e sociais.

“Além de reduzir os impactos da internação prolongada, trabalhamos habilidades como atenção, concentração e socialização. Os pacientes se sentem acolhidos, lembrados. Muitos relatam o quanto esses momentos mudam o dia deles”, afirma a profissional.

Os jogos são planejados para incluir também os pacientes com mobilidade reduzida. “Até os que estão acamados participam, vêm de cadeira de rodas. Os acompanhantes ajudam, jogam por eles quando necessário, e todos vibram juntos. É, de fato, uma experiência coletiva”, acrescenta Rainá.

Entre os participantes, o aposentado João Quadros Braga, de 70 anos, foi um dos mais animados. Internado desde o dia 19 de junho, após um infarto, ele elogiou a iniciativa.

“Foi muito gratificante. No hospital, a gente acaba passando muito tempo deitado, isolado. Esses momentos de lazer nos ajudam a interagir, a se distrair. Eu gosto muito de dominó, e participar foi uma alegria. A equipe está de parabéns. Isso faz toda a diferença”, contou o paciente, morador do bairro da Pedreira.

Texto: Kelly Barros - Ascom/HC