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Apoio do Estado garante melhoria à produção de derivados do leite de búfala no Marajó
Técnicos da Sedap visitaram queijarias em Cachoeira do Arari, acompanhando os avanços na produção de pequenos empreendedores locais
02/07/2025 20h23
Por: Redação Fonte: Secom Pará

Maior produtor de bubalinos do País, o Arquipélago do Marajó, no norte do Pará, também se destaca na fabricação de derivados nessa cadeia produtiva, principalmente o queijo, reconhecido pela qualidade e sabor. Com a finalidade de melhorar cada vez mais o desenvolvimento da pecuária bubalina no Marajó, técnicos da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap) visitaram nesta quarta-feira (2) propriedades produtoras de queijo e demais derivados do leite de búfala, especialmente em Cachoeira do Arari, município onde ocorre a quarta edição do Torneio Leiteiro.

Durante toda a semana, servidores da Sedap acompanham também a realização do 10º Torneio Leiteiro do Marajó, e se reúnem com produtores e empreendedores da região que trabalham na produção de queijo artesanal.

Geração de renda- Entre as propriedades visitadas está a do produtor Edilson Portal, que tem duas queijarias - no distrito de Retiro Grande, em Cachoeira do Arari, e em Soure, com uma produção de 160 quilos por dia. Ele não vende o queijo a varejo, mas no atacado, para que todos os pequenos empreendedores da região, informou, tenham a oportunidade de trabalhar com a venda do produto.

“A gente vende aos pequenos comerciantes, ambulantes e pequenos produtores, que vêm aqui e compram a um preço melhor no atacado, e vão vender. Isso é uma geração de renda que a gente incentiva para melhorar a vida de todo mundo, que é um dos nossos objetivos na queijaria”, ressaltou Edilson Portal.

Para o produtor, a realização de um torneio leiteiro, como ocorre no Marajó até a próxima sexta-feira (4), incentiva o criador/produtor a investir em melhorias na produção, desde a genética até a qualidade da coleta de leite. “Isso valoriza o animal, também. É uma valorização completa no sistema”, reiterou.

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O produtor destacou ainda as qualidades do queijo produzido com leite de búfala, que garantem características próprias. “Principalmente o sabor, que é específico. A proteína dele é A2. Muita gente que tem intolerância à lactose consegue comer sem problema nenhum”, informou.

Para Edilson Portal, é importante que o governo do Estado, por meio da Sedap, faça o acompanhamento e mantenha a parceria com os empreendedores locais. “Tendo essa parceria, a gente chega longe. A gente, unindo as forças, consegue chegar bem longe”, garantiu.

Diferencial- A importância da troca de informações e o acompanhamento técnico e apoio às ações desenvolvidas pelos produtores no Marajó, sobretudo os pequenos, é ressaltada também pela produtora Rosiléa Paixão, presidente do Sindicato Rural e da Comissão de Mulheres do Agro de Cachoeira do Arari. As mulheres, disse ela, cada vez mais mostram a força do setor que já foi dominado pelos homens. Segundo a produtora, as mulheres fazem o diferencial, a cada dia, com mais força na pecuária e na agricultura.

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Rosiléa Paixão é um exemplo de dedicação e perseverança. Ainda está se recuperando das consequências da queimada em sua propriedade ano passado, atingindo a produção de leite e derivados. Ela tem 100 animais, dos quais retira o leite para produção de queijos, doces, manteiga de garrafa, manteiga de pote coalhada e o famoso "frito do vaqueiro", feito da carne de búfalo frita com manteiga e gordura da carne.

Com esforço, ela conseguiu recuperar parte da produção. “Agora que a gente está se recuperando. Mas, não desisti. Tivemos o apoio da Associação, de pessoas que nos ajudaram, e estamos com a nossa produção, pois é daqui que tiro a minha sobrevivência”, contou.

Ela também enfatizou o apoio que recebe do governo e da organização do torneio leiteiro de Cachoeira do Arari. "A gente está sendo mais visto pelo governo. Antes, não tinha essa assistência. Os mais vistos eram os grandes produtores, e agora a gente recebe esse incentivo do governo estadual. É importante também esse tipo de evento, pois incentiva os pequenos criadores. Eu recebi todo o incentivo no torneio, e melhorei a minha produção”, acrescentou.

Doce produção- Além dos produtores e criadores de búfalas, há no Marajó pequenos empreendedores que fabricam e vendem produtos feitos artesanalmente. Elma Vidal, que tem uma fabricação caseira de doce de leite, já dispõe de clientes fiéis. “É gratificante. O nosso produto sai bastante. Eu costumo dizer que o tempero dele não é o açúcar, e sim o amor”, disse Elma, que em média produz de 20 a 30 cubas de doces, como leite que adquire de produtores locais.

“O nosso Marajó tem muitos búfalos. Desse animal tiramos o leite e produzimos o queijo e outros produtos que vêm do leite. Para nós, ele representa o nosso sustento”, afirmou.

Impulso- A Sedap desenvolve ações para impulsionar a bubalinocultura na região marajoara. O médico veterinário Augusto Peralta informou que, além da parceria com produtores locais, a Secretaria já investe em trabalho integrado, por meio da parceria que está sendo firmada com instituições federais, incluindo a Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra) e a Universidade Federal do Pará (UFPA), além da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Amazônia Oriental).

“Queremos melhorar essa cadeia. O búfalo é a força motriz do Marajó. Quando se fala na região, remetemos ao búfalo, e quando se fala na bubalinocultura chegamos ao queijo. A qualidade que a gente observa, como estamos constatando aqui nessa queijaria visitada, é resultado de mais de dez anos com ações como melhoramento animal. Hoje temos búfalas com melhor qualidade e quantidade de leite, e a gente tem com isso produtos de melhor qualidade, tanto para o consumidor marajoara, quanto o de Belém, de todo o Brasil e até de fora”, destacou Augusto Peralta.

As parcerias mostram o resultado final de uma cadeia que começa, frisou o servidor da Sedap, com o incentivo ao pequeno produtor. “Ele está com um rebanho melhorado geneticamente, e melhorando a sua produção. E essa matéria-prima chega na queijaria para ser trabalhada, onde a gente vê a fabricação dos derivados de leite. Isso é muito bom porque fecha a cadeia produtiva com retorno a todos os segmentos”, disse.