Neste sábado (7), o Parque Porto Futuro, em Belém, recebeu mais uma edição da Feira do Empreendedorismo Inclusivo, realizada pela Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará (Sespa), por meio da Coordenação Estadual de Políticas para o Autismo (Cepa). O evento, que segue até este domingo (8), das 16h às 21h, reúne empreendedores familiares de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), além de autistas que encontraram na economia criativa uma importante alternativa de renda, inclusão e valorização social.
Na edição deste ano, a feira oferece uma grande variedade de produtos feitos à mão, que vão desde bolsas e pochetes com estampas regionais, bonecas de pano, brinquedos educativos e livros, até artigos de cozinha, bijuterias, roupas artesanais, panos de prato e tapetes. Na área da gastronomia, os visitantes podem se deliciar com salgados, bolos e empadas de sabores típicos paraenses — sendo a empada de camarão com jambu a mais procurada entre os visitantes.
Para a fonoaudióloga Cleiciane Monteiro, da Coordenação Estadual de Políticas para o Autismo, o evento representa muito mais do que um espaço de vendas.
“A expectativa para esta edição é das melhores possíveis. Temos aqui empreendedores que são familiares de pessoas com TEA, além de autistas que estão apresentando e vendendo os seus próprios produtos. A feira estimula a economia criativa e oferece uma oportunidade real de geração de renda para famílias que enfrentam limitações no mercado de trabalho formal. É inclusão na prática, com dignidade e visibilidade,” afirmou.
Apoio às famílias e valorização do trabalho artesanal
Entre os expositores, histórias de dedicação e superação emocionam quem passa pelas barracas. Cátia Pedrosa participa da feira há dois anos e vende o tradicional arroz com galinha, preparado com cuidado e sabor. Ela conta que começou a empreender para ajudar a sustentar sua neta de cinco anos, diagnosticada com TEA.
“Essa feira é muito importante para mim e para outras avós e mães que estão na mesma situação. Aqui, a gente encontra acolhimento e, ao mesmo tempo, consegue gerar uma renda que faz diferença em casa. Mais do que vender comida, estou ajudando a garantir uma vida melhor para a minha neta,” relatou.
Estreante na feira, Sandra Santos levou uma barraca repleta de salgados caseiros. Mãe de um adolescente autista de 16 anos, ela vê na feira a chance de empreender com propósito.
“É a minha primeira vez participando e já me sinto acolhida. A feira nos dá voz, nos permite mostrar nosso trabalho e, ao mesmo tempo, nos fortalece como mães e empreendedoras. Mesmo com o tempo chuvoso, estou muito feliz por estar aqui e começar essa caminhada,” disse.
Suelen Moreira Ferreira também participa pela primeira vez. Mãe de dois filhos autistas, de 5 e 13 anos, ela trouxe uma banca repleta de produtos feitos por ela mesma, como guardanapos bordados, jogos de cozinha, saídas de praia e roupas infantis.
“Participar da feira é quase como uma terapia para mim. Além de vender, eu me sinto parte de uma rede de apoio, onde todas nós estamos aqui por um motivo em comum. Poder mostrar meu trabalho, enquanto contribuo com o sustento da minha família, é algo muito valioso,” declarou. Ela contou que conta com a ajuda da mãe e do filho mais velho para cuidar das crianças enquanto trabalha na feira.
Encanto e acolhimento para o público
Quem visitou o espaço também saiu encantado. O autônomo Daniel Anthony, que tem uma filha autista de dois anos e cinco meses, aproveitou o sábado para conhecer a feira.
“A feira é uma iniciativa muito bonita. Fiquei emocionado de ver tanta dedicação, tanto carinho nos produtos e saber que tudo isso ajuda famílias como a minha. É importante que a gente tenha mais espaços assim, que unam informação, apoio e visibilidade,” afirmou.
A Feira do Empreendedorismo Inclusivo foi criada em 2020 e, desde então, tem transformado realidades. Com uma média de 10 expositores por edição e mais de 250 empreendedores cadastrados, já movimentou aproximadamente R$ 300 mil, fortalecendo a autonomia financeira das famílias e a autoestima de quem, por muito tempo, foi invisibilizado pelo mercado de trabalho convencional.
Além da venda de produtos, a feira também é um espaço de encontros, trocas e valorização das potencialidades. Cada item exposto conta uma história de resiliência e criatividade. A Cepa reforça que a feira continuará sendo um espaço permanente de inclusão, com edições regulares ao longo do ano.
A feira continua neste domingo (8), com mais produtos, sabores regionais e histórias que merecem ser conhecidas.
Serviço:
31ª Feira do Empreendedorismo Inclusivo
Data: 7 e 8 de junho de 2025 (sábado e domingo)
Horário: Das 16h às 21h
Local: Parque Porto Futuro – Rua Belém, bairro do Reduto, em Belém