A pequena Teresa Maria nasceu de parto normal, no dia 1.º de junho. Mal chegou ao mundo, e já foi conduzida pela mãe, Jéssica Souza, 29, ao primeiro dos muitos cuidados que moldam a saúde de uma criança: o Teste do Pezinho. Com consciência e carinho, Jéssica compartilha: “Dentro desse período, a eficácia do teste é maior. Então, quando a gente vem no período certinho, é muito importante para o bebê. O exame está disponível, é gratuito — temos que aproveitar”.
Essa atitude materna ecoa um amor que atravessa gerações. Dona Maria Batista, 40, avó da recém-nascida Jade, de apenas três dias, também esteve presente na Unidade Básica de Saúde (UBS) do Guamá. “Eu trouxe as minhas filhas, e hoje sigo essa missão com as minhas netas. A minha filha passou por uma cesariana e não pôde vir, mas eu sei da importância do exame e como ele pode ajudar a prevenir ou tratar doenças de forma precoce”, contou.
O cuidado que começa no calcanhar
O Teste do Pezinho é realizado com a coleta de algumas gotinhas de sangue do calcanhar do recém-nascido. Esse exame é uma das principais portas de entrada para a prevenção em saúde infantil. Em Belém, a coleta é realizada em 63 Unidades Básicas de Saúde (UBSs), de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, sem necessidade de agendamento, além de três maternidades conveniadas com a rede municipal: Fundação Santa Casa de Misericórdia, Hospital da Ordem Terceira e Hospital Beneficente Portuguesa.
A técnica de enfermagem Alice Silva, atua há cinco anos na coleta do teste do pezinho na UBS do Guamá. “Recebemos famílias de todos os bairros e acolhemos cada bebê com muito cuidado e atenção”, afirma.
De acordo com Ilza Maia, coordenadora da Referência Técnica em Saúde da Criança da Secretaria Municipal de Saúde (Sesma), o ideal é que o exame seja feito entre o terceiro e o quinto dia de vida, embora possa ser realizado até os 30 dias. “O Teste do Pezinho é um direito da criança. Ele é gratuito e acessível tanto para nascidos em maternidades públicas quanto privadas. Hoje, conseguimos detectar sete doenças que, se diagnosticadas precocemente, podem ser tratadas”, destaca.
Diagnóstico precoce, vidas inteiras preservadas
As amostras são enviadas ao Laboratório Central do Estado (Lacen), onde passam por análise. Em até 30 dias, os resultados podem apontar para doenças como fenilcetonúria, hipotireoidismo congênito, doença falciforme, fibrose cística, hiperplasia adrenal congênita, deficiência de biotinidase e, mais recentemente, toxoplasmose congênita. Quando identificadas a tempo, essas doenças podem ser controladas com tratamentos eficazes, evitando danos irreversíveis.
Mais de 10 mil coletas do Teste do Pezinho são realizadas anualmente em Belém. Cada exame é mais que uma estatística — é uma nova esperança, um futuro possível, uma vida com mais dignidade.
Um gesto simples, um ato de amor
O Dia Nacional do Teste do Pezinho, celebrado hoje, 6 de junho, é uma data para lembrar que, mesmo nos gestos mais simples, pode haver um imenso ato de cuidado. Para os pais e responsáveis, é também um chamado à responsabilidade e à informação: o futuro das crianças começa nos primeiros dias de vida. E o teste do pezinho é um dos seus primeiros aliados.
“Se você está gestante, procure a equipe médica da Unidade Básica Saúde que acompanha seu pré-natal e já receba todas as orientações sobre quando e como realizar o Teste do Pezinho. Essa é uma etapa essencial para rastrear doenças. É um cuidado simples, mas que faz toda a diferença na saúde do bebê”, finaliza Ilza Maia.