Os momentos inesquecíveis de cada Círio de Nazaré não podem e não devem ser embaçados pela iniciativa fora de propósito de algumas pessoas que adotam o ato de cortar a corda da romaria para, entre outros motivos, levar como lembrança da festa. Para que essa ação não se repita, a Guarda de Nazaré lança a campanha "Não corte a corda", como estratégia de conscientização do público para com a conservação desse ícone da devoção mariana do povo paraense bem como com a organização da procissão de cerca de 2 milhões de pessoas nas ruas de Belém.
"A nossa campanha visa conscientizar os fiéis a participarem das procissões pagando as suas promessas e preservarem um dos maiores símbolos de fé dessa linda festa de Nossa Senhora de Nazaré, que é a corda. Ela simboliza um elo entre os fiéis e a Berlinda junto à Nossa Senhora de Nazaré, que é conduzida por eles durante a procissão inteira. A corda representa a devoção e a fé dos fiéis de agradecer por uma graça alcançada ou pedir uma graça", destaca Renato Neves, coordenador da Guarda de Nazaré.
"Então, para que esse simbolismo se concretize do início ao fim, a gente pede que a corda só seja desatrelada ao final das procissões, evitando também qualquer tipo de acidentes, porque pessoas entram na corda para tentar fazer o corte, com facas, estiletes, canivetes, itens extremamente perigosos, ou seja, com alto risco de acidentes", assevera Renato. Dessa forma, como pontua o guarda de Nazaré, além disso, a corda, quando é cortada de uma maneira errada e preciptada, deixa uma ponta solta que passa a fazer um zigue-zague no meio da pista, gerando também o risco de algum acidente com relação a alguma das estações em ferro na procissão onde há muito mais gente que na corda.
O corte na corda ainda ocasiona o atraso nas procissões (Trasladação e Círio), porque a ponta solta fica desgovernada, podendo o pessoal que está segurando-a ir para cima do povo que está passando, como pontua Renato Neves. Ele enfatiza não se justifica o corte antecipado da corda por algumas pessoas desejosas de levar um pedaço dela como lembrança, porque "ao final das procissões a gente conseguiria tranquilamente fazer o desatrelamento da corda das estações, e os fiéis iriam ficar da mesma forma com a corda, de uma forma mais tranquila". No momento em que se corta erradamente a corta, existe, então, uma disputa por pedaços dela, ocorrendo até brigas.
De cada estação para outra no Círio, existe um pedaço de 50 metros de corda. Ela atrela no Núcleo da Berlinda e segue para as estações 1, 2, 3, 4 e 5 e daí em diante. São então, seis pedaços de 50 metros, totalizando 300 metros de extensão. Existe uma corda para a Trasaladação e uma outra para o Círio. A da Trasladação é retirada do Barracão da Santa às 14 h, para ser, então, atrelada para a procissão na véspera (no sábado) do Círio, na avenida Nazaré.
Já no Círio, a Guarda apanha a corda que está em exposição na Estação das Docas, para onde foi levada no sábado (23). Os guardas pegam a corda à 1h30 do domingo e às 2h iniciam o atrelamento nas estações. O atrelamento da Estação 1 com o Núcleo da Berlinda somente acontece com a presença da Imagem Peregrina na estrutura principal da romaria.