PARÁ 17 DE ABRIL DE 1996
Massacre de Eldorado do Carajás completa 27 anos
Atos foram feitas em memória das vítimas na 'Curva do S', local onde 19 trabalhadores rurais foram mortos por policias militares.
17/04/2023 14h33 Atualizada há 1 ano
Por: Redação Fonte: G1 PA
| João Roberto Ripper

Um ato realizado nesta segunda-feira (17) marca os 27 anos do massacre de Eldorado do Carajás, quando trabalhadores rurais que protestavam foram mortos por policiais militares.

Uma celebração ecumênica foi realizada relembrando as vítimas e fotos foram expostas em um palco.

Foto: Comissão Arns/Divulgação/ Montagem g1

 

O ato ocorre na Curva do S, na PA-150, local onde os trabalhadores foram mortos. Segundo o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), 19 morreram no local do conflito e dois, no hospital devido aos ferimentos. Na área, há um memorial montado há alguns anos com fitas vermelhas e cruzes.

Dezenas de pessoas, incluindo agricultores, MST, Pastoral da Terra, Comissão de Defesa dos Direitos Humanos D. Paulo Evaristo Arns, além de outros movimentos sociais e organizações não governamentais, participaram do ato político, inter-religioso e cultural.

Na área um acampamento foi montado e no domingo (16) já ocorreram algumas ações. As celebrações estão previstas até o fim da tarde desta segunda-feira.

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"Anualmente, ativistas acampam durante uma semana no local onde trabalhadores rurais foram assassinados por policiais militares em 1996 para lembrar os mortos e exigir resposta para o crime", informou a Comissão Arns, que participa do ato.

Segundo o MST, o dia 17 de abril ficou marcado pelo massacre e por isso é considerado o dia de luta pela reforma agrária.

Após quase 30 anos do massacre, o Pará é líder em conflitos no campo, segundo um relatório da Comissão Pastoral da Terra (CPT) divulgado em 2022.

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Relembre o caso

Em 17 de abril de 1996, um grupo com cerca de 300 trabalhadores fez um protesto na PA-150 e impediu a passagem de veículos. O principal motivo da manifestação era a demora do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) em desapropriar a Fazenda Macaxeira, de 40 mil hectares, como relembrou o Memorial Globo.

Policiais tentaram retirar os manifestantes com bombas de efeito moral e alguns manifestantes teriam reagido atirando pedras e pedaços de pau. A polícia reagiu com disparos de metralhadora.

No final do conflito, havia 19 trabalhadores mortos e dezenas de outros feridos; dois deles morreram no hospital, segundo o MST. Os policiais retiraram os corpos do local e destruíram provas para dificultar as investigações, segundo o Ministério Público.

Os dois comandantes da operação foram julgados e punidos. A sentença do Coronel Pantoja, foi de 208 anos de prisão. Ele morreu em 2020. O Major Oliveira cumpre pena em regime domiciliar, mas foi condenado a 158 anos de prisão.

Como apenas dois policiais tiveram punições previstas, entidades e movimentos consideram " que o crime até hoje não foi completamente solucionado", como informou Comissão de Defesa dos Direitos Humanos D. Paulo Evaristo Arns.