PARÁ CPI DA VALE
Consórcio de Municípios Mineradores e Afetados é formalizado na Alepa
O objetivo do documento, assinado nesta quarta-feira (6) na Assembleia Legislativa do Pará (Alepa), é conferir legitimidade e formalidade aos municípios para, assim, garantir mais benfeitorias à população que reside nas cidades impactadas pela mineração no Pará.
09/12/2022 16h25
Por: Redação Fonte: Alepa

A Comissão Parlamentar de Inquérito da Vale (CPI da Vale), presidida pelo deputado Eraldo Pimenta (MDB), e que conta na vice-presidência com o deputado Carlos Bordalo (PT), conquistou mais um resultado do trabalho realizado ao longo do último ano e meio: a criação do Protocolo de Intenções do Consórcio Intermunicipal de Municípios Mineradores e Afetados do Pará.

O objetivo do documento, assinado nesta quarta-feira (6) na Assembleia Legislativa do Pará (Alepa), é conferir legitimidade e formalidade aos municípios para, assim, garantir mais benfeitorias à população que reside nas cidades impactadas pela mineração no Pará.

Participaram da reunião o prefeito de Paragominas, João Lucídio Paes; o prefeito de Bom Jesus do Tocantins, João da Cunha Rocha; o prefeito em exercício de Parauapebas, João José Trindade; e o diretor de gestão do Consórcio Intermunicipal Multimodal do Maranhão, Max Andrade, referência e pioneiro na formação de um grupo liderado por municípios em busca de iniciativas de desenvolvimento e de mitigação dos impactos socioambiental causados pela mineração.

Também estiveram presentes outros técnicos, como o advogado Honorato Cosenza, secretário da Comissão de Meio Ambiente; o consultor da CPI da Vale, Carlos Alberto Pereira; o advogado Jader Pazinato; a técnica da prefeitura de Paragominas, Camila Ávila; e o assessor parlamentar Manoel Messias Silva, do gabinete do deputado Eraldo Pimenta; e Ambrósio Hajime Ichihara, ex-funcionário da Agência Nacional de Mineração (ANM).

A prefeita de Curionópolis, Mariana Chamon (MDB), não pode comparecer à reunião e justificou previamente.

O vice-presidente da CPI, Carlos Bordalo, ressaltou o trabalho realizado em conjunto com os membros da Comissão, o relator Igor Normando (Podemos), e os demais integrantes, os deputados Eliel Faustino (União Brasil), Cilene Couto (PSDB), Miro Sanova (PDT) e Ozório Juvenil (MDB). O parlamentar lembrou, ainda, que a reunião para a assinatura do Protocolo desta quarta-feira faz parte do plano de encerramento do grupo de trabalho, que segue os trabalhos até 31 de janeiro de 2023.

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"Temos 61 toneladas de ouro extraídas nos últimos 10 anos pela Vale no Pará. Continuamos com a mesa aberta para negociações com a empresa, mas é fato que o Estado não pode continuar com esse modelo predatório. Por isso mais essa ação da CPI. Seguimos trabalhando com a implantação de novos projetos e temos uma linha de atuação que vai contra o monopólio das grandes mineradoras dessa atividade. Precisamos trabalhar com o minerador de baixa intensidade, o pequeno minerador, e dar condições aos municípios para que orientem, legalizem e fiscalizem essas atividades. A ideia é deixar um legado da CPI com uma regulamentação da atividade familiar de mineração para cooperativas", afirmou Bordalo.

Municípios afetados

Nesta quarta-feira, o Protocolo foi assinado pelos municípios presentes e, para o prefeito em exercício de Parauapebas, João José Trindade, a formação do Consórcio funciona como uma roupa de sustentação e direcionamento aos municípios.

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"Parabenizo quem idealizou o Consórcio e já estamos vendo a data certa para ligar para os prefeitos da nossa região e fazer a assinatura oficial em Parauapebas. Nós vivemos uma nova era da economia na gestão pública, que é dinâmica, e as parcerias precisam ser criadas e compartilhadas. Então o Consórcio é um grande avanço para todo o Estado. Será uma ferramenta que facilita o direcionamento econômico e político da nossa região, trazendo grandes benefícios para a área social e econômica. Queremos agradecer à Alepa por esse passo tão importante", declarou João José.

O prefeito de Paragominas, João Lucídio Paes, também agradeceu a iniciativa da CPI da Vale e pontuou que esse é o momento de evidenciar o trabalho dessas prefeituras em busca da legalidade das atividades. "Precisamos ter voz, precisam ver a nossa luta. Hoje nós vemos que o Consórcio é uma ferramenta importante para garantir a participação efetiva do nosso município e de outros que tenham em seu território a mesma atividade em funcionamento. Em Paragominas, a bauxita é o principal minério explorado. Se tivermos integração e fortalecimento, vamos melhorar a capacidade produtiva e atender melhor às demandas sociais da nossa população. Quem vai ganhar são os municípios que fizerem a adesão", disse.

CPI da Vale

Em mais de um ano e meio de atuação, a Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga os 40 anos de ações da Vale em território paraense (CPI da Vale) alcançou uma marca histórica para um CPI no Pará: foram aproximadamente R$ 2,5 bilhões recebidos pelos cofres públicos e diversas iniciativas tomadas a partir dos trabalhos realizados pelo grupo.

As ações envolvem o avanço das discussões sobre a Compensação Financeira pela Exploração Mineral (CFEM); a aprovação do Projeto de Lei n° 368/2022, de autoria do Executivo, que possibilita o pagamento de 50% da Taxa de Fiscalização de Recursos Minerários (TFRM) em obras por parte das mineradoras; e a construção conjunta de um projeto que vai ajudar a combater o garimpo ilegal em terras indígenas em todo o Brasil.

Desde o início das atividades, a comissão trabalha para apurar questões como a concessão de incentivos fiscais à empresa, o descumprimento de condicionantes, a ausência de segurança em barragens, repasses incorretos de recursos aos municípios, falta de transparência, sonegação, manobras fiscais e outros fatos ligados ao desenvolvimento do estado, como exemplo a ausência de projetos de verticalização da produção local.

A Comissão Parlamentar de Inquérito da Vale foi instalada em 26 de maio de 2021, por iniciativa do deputado Ozório Juvenil. A princípio, o prazo de funcionamento estabelecido era até setembro, mas foi prorrogado para dezembro e depois se estendeu até o mês de abril deste ano para que as investigações e esclarecimentos fossem ampliados. A CPI encerrará as atividades em janeiro de 2023.